domingo, 18 de dezembro de 2011

Do outro lado

É um buraco reticente que vai cheio de memórias que nunca cessam. É um passado cheio de pontinhos que ao ligá-los me chegam até ti, caro. Que me é árduo ver e sentir esses novos rumos e novos ares sem mim inteira e nem em partes. Sem mim mesmo. Olhando pra frente sem olhar para o passado, te admiro e acho ousado. Sem aprender com o que se passou os erros serão recorrentes. Desconfio da sua técnica de seguir os sinais de trânsito da vida. E há uma beleza nisso. Desligar-se abruptamente pode causar curto circuito. Ou longos que foram os anos, pareceram décadas. Que bom que encontraste outro fio pra a ti se ligar. Que a cada hora parecia um matrimônio anônimo entre o amor e a vida e vice e versa. E todos eles, os tempos, passam, mas ficam. Foram mas são. Como já dito, em cada canto, cada esquina e buraco aberto e fechado à força do seu pensamento. Engasguei de olhos abertos e marejados como o litoral azul que brevemente nos pertenceu. Sorri com cada volta do estômago para não demonstrar comoção frente a ti e a todos. Chorei com a ponta dos dedos dos pés, de baixo pra cima, cada quilômetro percorrido. Aposto que ninguém viu. Aposto que você nem sentiu todas as vibrações que os meus soluços por ti se jogavam à frente, molhados e compartidos. Não era minha intenção me fazer ser entendida. Afinal, a sentença foi dada até segunda ordem sua. Não vê os caminhos cruzados diariamente e nem a calçada que costumava ser minha. Hoje, outras rodas. Hoje, outras voltas e hábitos. Comíamos coxinhas e comidas com sotaque. É um hiato eterno que já se tornou plural. Mais um não só o torna verdade, eu sei. Mas em quantos anos esses passos serão apagados? Em quantos pixels as imagens vão se desvanecer? Quantas vezes precisará ir a todos os lugares que estivemos e que a dor seja substituída pelo carinho? Um sorriso de canto já me é suficiente. Para que o diálogo tome lugar do silêncio? Para que nossos olhos não prefiram mais o chão e sim um ao outro? Pra esse abismo construo uma ponte há um ano. Não espero medalha de honra ao mérito, nem estrelinha e muito menos certificado de participação na sua vida. Um dia chego do outro lado.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

tentando deixar de ser eu
pra ter alguém além
de mim.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

da escrita

minha inspiração é como faísca. leio um texto, uma poesia e olha cá, lá estão as palavras, rimas e inverdades querendo sair que nem calha entupida depois da chuva. Ela, água dela, não apaga minha faísca. Acende até fazer calor e eu não aguentar mais essa dança dentro da minha cabeça. Abro a torneira, desentupo a calha e deixo sair.


Só que as vezes não sai.

antes sofria

hoje sou frida
de cores frias

domingo, 20 de novembro de 2011

vermelhas são as olheiras da tarde.

sábado, 19 de novembro de 2011

Da camiseta

Receio em pedir de volta a camiseta. Medo. Daqueles medos que se tem de saber a verdade por que mais que seja ela ruim. Fingir que é boa também não adianta nada. Ela foi minha mas tão tua ao mesmo tempo. E não lembro, mas acho que foi de muitos outros antes de nós. Usávamos eu e tu e às vezes ao mesmo tempo. Mas acabou ficando sem mim. Ficava melhor em ti, confesso. Todo cinza é teu e isso nada vai mudar. Está registrado em ata. Se carregas contigo ou se guardas no fundo da gaveta junto com aquelas que estão furadas, com as mangas rasgadas, talvez comida por traças, manchada de água sanitária ou simplesmente apertada, se mandaram-te queimar ou doar para necessitados ou fizeram-na de pano de chão: não me importo. Só queria certificar que ela passa bem mesmo amassada.

do vazio que se preenche de si mesmo

tem mais você do que eu aqui.

das nuvens

gosto muito das nuvens que conheço

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

metade

Você não precisa de uma banda pra ser feliz.
Precisa ser inteira.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ele disse: casa comigo
ela disse: apartamento.

Aqui ontem há um ano.

Rezei para que o hoje fosse daqui a dois anos
Que eu estivesse grande, fosse moça e tudo resolvido
Ontem, sonhei pra que fosse eu ao seu lado
(ontem, há dois anos)
Que tudo que passamos fosse futuro e não passado
Não haveria quase nada a se arrepender
Nada de marcas, nada marcado


Chorei quando você foi embora
Sabendo que futuro também seria
‘Que se foste é por que não deveria ter vindo agora
Ou não, vai ver que era pra ter vindo mesmo assim
Eu que não deveria

E ter ido como se foi fez-me como hoje sou
A ti também fizeste, que sei
de ontem há dois anos a frente
Eu me fui. Se fosse no futuro, no passado também.
Pensaria em tudo de novo, com algumas mudanças
(cometer o mesmo erro não faz parte de ontem pra frente)

E se o destino viesse hoje, lhe digo: não sei se ia.
Não sei se o trocaria por praias, coqueiros, uma horta ou jardins
Nem se cantaria a música, sem palavras, aplaudindo aos céus
Não me sendo, tudo e todos para ti
Não veria tantos e tantas, fingindo aquilo não querer
Hoje eu sei: não fui.
Mas depois dessas rimas tão ruins: um dia posso vir a ser.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

adeus

dando adeus à nuvem negra
(que se despede com chuva)
aceno alegremente
agradeço os momentos sofridos
(mas sem sofrer na despedida)
nem com augúrios saudosos
nem cicatrizes feridas

adeus nuvem negra
vá molhar outros chãos
(cabeças)
aqui só tem espaço pra inverno
não mais tristeza.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

tempo

mais um mês e eu não consegui virar a página.
(do calendário)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

poeira é pó

poeira é pó
aos montes
não importa de onde venha
o coletivo de sujeira
é sempre mais de um
trago uma caixinha
cheia de piuns de presente
pra pó e poeira
é o equivalente com afeto
um pote de barro, poeira
guardando água
vira lama?

procura-se um gênio ao contrário que me caiba.

Solidão Televisão

Eram um casal daqueles cuja história se repete. Ela, aos 15, para sair de casa, sonhava em se casar, ter sua própria casa, filhos, horta e televisão. Ele, aos 18, para descansar a mão, queria arranjar uma mulher, que não fosse sua mãe, para fazer sua comida, lavar sua roupa, que fizesse um carinho, lazer e filhos. Ah, e queria ter um açude para criar peixes. Conheceram-se quando seus pais discutiam negócios. Um boi por um cavalo. Um porco por um galo. Uma fêmea pelo macho. Ele achou bom. Ela pensou: é o que temos pra hoje, e achou bom também. Não aguentava mais: está na hora, já é moça, princesa, a tua prima, a vizinha e a filha da Cleyde já, e tu, cadê?

– Tá, eu vou. O pai deu um pedaço de terra dos fundos para construírem o seu novo lar. Ele, habilidoso, trabalhador, musculoso, sem dente, mas charmoso, foi na mata, tirou umas piranheiras, umas palhas, umas paxiúbas e construiu o ninho de amor (este que ainda não existia, mas diziam que era questão de tempo: uma hora você aprende a gostar). Cláudia sentou-se.

Matou-se um porco, pescaram-se alguns peixes, fez-se brasa e muita festa na família para celebrar a mais nova união, em nome de Deus, a mais nova chuva de benção – em julho- naquela comunidade. Só se pensava nos netos, bisnetos que estavam por vir. Ela pensou que por mais que nem conhecesse seu companheiro, não deveria ser tão difícil ter uma vida a dois, de início, mas depois a três, a quatro, a cinco...quanto viesse e quanto coubesse na casa. - Quero muito menino, ó. Correndo, se trepando nessas árvores, ajudando a descascar macaxeira, cavando buraco. Menos trabalho pra gente, né? Riu. Ou não, eu completei mentalmente.

Cada um levou o que era seu, quase nada, pro barraco com cheiro de madeira morta. –Tu gosta de mujangué? – Tu prefere chuva ou sol? – Acha que o padre é biba?. E foram se conhecendo. Os anos se passaram, a Cláudia que esteve sentada por muito tempo, levantou-se e eles passaram a se gostar. O dinheiro da agricultura não era muito, mas sempre foi o suficiente para alimentá-los, os dois e um embutido na mãe. Quase três. Seus pais se mudaram pra cidade e o terreno ficou grande e vazio para duas pessoas e meia. Enquanto ele trabalhava no quintal, construindo cercas de mulateiro para o gado não fugir para o terreno do vizinho, ela reclamava do peso do meio em sua barriga. Mesmo antes de o pequeno pensar em vir ao mundo, ela sempre pedia: Môr, quero uma televisão. Me sinto muito só. As irmãs tinham ido morar na cidade, estudar e trabalhar. O cachorro ainda não falava, era pequeno. A vizinha era velha e não conseguia conversar nada que não fosse relacionado aos malditos porcos que comiam sua macaxeira. Além de tudo ela cheirava a óleo de copaíba. E cheiro de corpo, claro. Os anos se passaram, ele a construir cercas, ela a reclamar da solidão e do desejo da televisão. A resposta era sempre a mesma: - Tá doida, mulher. Televisão não é coisa pra gente não. Aquilo ali é o demonho. Só passa coisa que não existe pra gente, que nunca teremos, lugares que nunca iremos, quer que a gente gaste o dinheiro que não temos e que acreditemos na ciência. O pastor disse que a Tv aliena que nem aqueles que vêm nas naves do céu, de vez em quando. – Mas eu quero uma televisão, ela disse. Me sinto só. Quero ver novela, quero ver como é o mundo lá fora. Mas não vai ter, na minha casa não entra esse instrumento do capeta. Somos mais felizes que aqueles casais da novela. Me dá um copo d’água, encerrou a conversa, à contragosto.

Os anos se passaram, a família ganhou novos integrantes, um por ano, assim como a flor que ele tinha trazido pra ela da mata, florescia a cada menino novo. Era uma lindeza só. Mas a solidão e o desejo da televisão continuavam a existir. Ele a construir cercas, ela a reclamar, cada vez mais com aquela cambada de meninos, da solidão. Nunca tinha ido à cidade. Não fazia idéia de como era. O pai nunca deixara por medo de não querer voltar mais. Tinha uma construtora trabalhando na pavimentação da rodovia. Tinha muito homem. Muito homem querendo mulher. Com dinheiro. E era tudo isso que as mulheres queriam: homem e dinheiro. Uma chance de sair da roça, do assentamento, da poeira, da pobreza.

Uma criança ficou doente. Depois outra e depois mais uma. Daquelas doenças que não dá pra esperar passar tomando chá de casca de ipê-roxo ou copaíba e descansando. Precisavam ir à rua. Precisavam de um médico. Ele precisava construir cercas. Ela acabou levando as três crianças enfermas e o filho mais velho pra ajudar. Chegando à cidade, as crianças tiveram de ser internadas. Era grave, mas a mãe estava tranqüila: no quarto do hospital tinha uma televisão. Ela ficou maravilhada, assistia com atenção cada palavra e cada som enquanto a criança chorava desesperadamente com dor, ela só conseguia ver as propagandas de viagem pelo mundo, as mulheres bonitas, bem vestidas, passeando em Ipanema. Foram três semanas de muito entretenimento, alegrias, tristezas (acompanhou fervorosamente todas as novelas) e muita informação pelo Jornal Nacional.

As crianças receberam alta e estavam bem para poder voltar pra casa. Quem as acompanhou foi o irmão mais velho. Chegando lá, o pai que tinha acabado de construir a última cerca do dia, olhou pro menino como se já soubesse. O menino tirou do bolso um papelzinho escrito com letra de quem acaba de aprender a escrever: “Você pode não querer uma televisão em casa, mas não pode me impedir de sonhar.”

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

calo nas mãos
não a boca.

viver uma vida de paixões platônicas
de letras, de vida
de arte que imita
isso que é vida

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vem, pode entrar.

Bom dia, cortador de grama. Abri os olhos e o sol não veio, só o som. Perturbador, insistente e atrevido de grama tosada. Alguns pássaros sorriam com gargantas gasguitas enquanto outros cantavam um bom dia pra você também. Poderia ter chovido mas era só atrevimento. A gente sempre pode, deve, esperar menos do clima. Nunca é o que queremos. Nunca estamos satisfeitos com as condições atuais, em nenhuma ocasião. Está calor demais mas poderia estar frio. Está frio demais mas poderia estar calor. Chove muito mas poderia estar fazendo sol. Poderia estar no horário de verão para assistir o Jornal Nacional à tarde, mas só tinha novela ruim. Eu poderia dormir até tarde mas quando acordo me sinto mal. Poderia acordar cedo mas passo mal ao tomar café. Os tempos mudam, os hábitos alimentares, os ventos e os sentimentos.Mas os conselhos, ah, esses são sempre os mesmos. Só muda o orador da frase e a frase do dia é: organizar a casa interior pro vento bom, e afins, poderem entrar.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

impossível competir com o fim de semana.

Prefiro escrever na tela do que na janela. 

O conto da galinha a menos.

Sonhei que no galinheiro tinha uma galinha a menos e escrevi um conto, o da galinha a menos. Eram várias, iguais como galinhas, mas tinha uma faltando. Não como galinhas ela disse. Como não? E como é que falta uma galinha? Foi bem o porco, ele disse. Aquele que vem do mato, acrescentou. 1, 2, 3...(seguiu contando)...27...viu! Tá vendo? Tá faltando uma galinha e vocês vão ter que dar conta dessa galinha. Mas o senhor acabou de contar, tio. Até parece que não é acreana essa menina velha. 8 anos, tá? Grandes merdas. Cadê, não vai aparecer não quem deu sumiço na minha galinha? Silencio na fazenda. Ouvia-se o piscar dos olhos e só. Póooh (abafado). 135mg/l de adrenalina correu nas veias de cada um dos que olhavam e se perguntavam: Cadê a porra dessa galinha, Jesus. Ele saiu farejando que nem cachorro, vira-lata mas tem seu valor, os cantos da casinha de paxiúba, onde eles guardavam o milho, o tal de paiol. Pior é que vocês acham que me fazem de besta, né não? Deixa estar que eu vou achar essa galinha e depois quero ver quem vai contar essa história.

Quero ver quem é que vai contar essa história.
Quero ver quem é que vai contar essa história.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

tem dias que a noite tem lua

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Bala de troco. Que coisa triste.

Tão vazio como meu estômago ao meio dia. Tão profundo como último livro lido- de colorir-.Tão nutritivo como o sanduíche noturno que faz você se revirar, arrotar e ter pesadelos pesados. Tão inspirado quanto aqueles que aspiram. Ai, esses que me rodeiam. Fazem esse mundo girar do lado avesso. De dentro pra fora como uma dor antes de começar a ser sentida. Como um pássaro pousando antes de nem ao menos ter voado. Essas ruas recém-pintadas que mudam de rumo como se muda de roupa e/ou de companhia. Esses semáforos que incitam o ódio e a paciência necessária do dia a dia. Esses desvios involuntários por ruas (re) conhecidas. É a minha última saída. A única placa que me guia é o orgulho que me salva. Mas é muito pouco. ´
É pouco demais. Não cabe na mão. Não enche uma colher. Nem um conta gotas dá conta de contar. Mas eu conto por que teimosia e persistência, e não insistência, me são inerentes. Sou leonina, porra. De nada me vale sem se valer a pena. De nada vale a pena senão o pássaro. De nada vale o cavalo senão os dentes. Nada a ver isso aí, viu.  Dou valor a cada centavo e há quem chame isso de mesquinharia. Mas quem irá me poupar senão eu mesma? Aprende, filha, não espere do outro aquilo que ele não pode te dar. Não se contente com balas escusas.
-Mas eu só queria meu troco.

sábado, 10 de setembro de 2011

polishop

Ficarei, plenamente, feliz quando anunciarem, finalmente, que o incrível Apagador de Memórias Turbo está à venda e pode ser parcelado em até 12 vezes no cartão de crédito. Sem juros. Afinal, deve custar mais caro do que mantê-las vivas durante todos os dias de nossas vidas, alimentando-as, fazendo crescer, se reproduzir, dormir e nunca, (nunca!) morrer.

*E não é só isso! Compre agora e leve junto, inteiramente grátis, um GPS de última geração e uma poronga velha, pra poder procurar as memórias que mais o incomodam. E tem mais! Diga que estava assistindo ao programa e leve de brinde um reconstrutor de personalidade e um modelador de caráter. Você vai precisar deles depois que deletar algumas memórias que você achava que estava cansado de segurar, quando, na verdade, elas é que sustentavam você.

*Contribuição valiosa de Curumim

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

vinha insinuando presença.
ia fingindo nobreza.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

talento?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

eu rua, você esquina
eu ponto, você vírgula
eu que juro, você que minta
eu que finjo, você acredita
eu placa, você faixa de pedestre
eu de saia, você queria corpete
eu viajo, você na maionese
eu me calo, você esquece
eu flor, você noite
eu pasto, você galinha
eu ouro, você prata
eu saudade, você n'outra
eu passeio, você de tarde
eu rodeio, você dirige
eu lembro, você atravessa a rua
eu tardo, você lua
eu milhares, você nenhuma.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

verdes

Noites verdes, difusas, confusas. Faltam óculos, ósculos, o tudo é poroso. Faltam respostas. Estão mudas. Não muda com o tempo. Espera, espera e o tempo te responde do mesmo jeito: mudo é o teu mundo que evita palavras por comodidade. Feliz é o teu mundo que não precisa de respostas e nem de verdades. A noite é verde e vedes, aquela árvore tremendo de frio? Teu nome a fez. Fecho o livro de poesias e me suspendo no confortável vazio de mim.

domingo, 14 de agosto de 2011

das caixas

uma caixa para cada ex sapato. colorida, encapada, de plástico, papelão e até de madeira. uma caixa para poucos, parcos, pedaços. uma caixa vazia, cheia de espaço. outra cheia de ar, outra cheia de luz. uma caixa para cada passado. uma para cartas, cartões, flores secas, fotografias saudosas e tem até a de negativos de fotografias. uma para etiquetas de roupas, outra para convites, panfletos, flyers. anotações, escritos, borrados e nunca enviados. uma caixa para cada passado. uma caixa cheia de mim. outra cheia d'outros. botões, imãs, comprovantes de cartão de crédito desaparecendo. foi difícil e vai sendo sempre aos poucos. me livrar dessas minhas caixas é como me livrar da única memória que funciona corretamente.  meu hd externo está cheio de coisas que não quero me livrar mas a vida, essa caixinha de surpresas, exige espaço. exige espaço nas gavetas, nas caixas, nas prateleiras e nos porta-retratos. se exige presente no passado. me exigem presentes do passado.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

as diferenças que o 'eu também' faz.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

litera
latera l
idade
nova

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Re:

Em tempo: madrugadas tranquilas


--
Kaline Rossi

sexta-feira, 29 de julho de 2011

colecionos downloads não assistidos.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

fui cortar cebola para arranjar um motivo
fui cortar cebola e o por que juro que digo
fui cortar cebola pra ver o tempo passar
confesso, fui cortar cebola para ter um motivo para chorar.

te vejo verde. fico vermelha.

terça-feira, 26 de julho de 2011

rio branco.
mas posso chorar.

domingo, 24 de julho de 2011

perdi minhas pontas duplas e o bom senso parece ter ido junto.
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ao mesmo tempo perdi pontas duplas e bom senso
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bom senso e pontas duplas são coisas que se perdem juntas
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pontas duplas seriam se o bom senso não tivesse ido
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muita ponta dupla para pouco bom senso
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é melhor uma ponta dupla na mão do que ver o bom senso voando
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chega.

sábado, 23 de julho de 2011

te vejo em todo o meu território é o novo mora em todos os meus municípios.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Seríamos nozes se não fosse aquela árvore uma castanheira.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

vai um chá?

um chá, de sumisso, para curar omissos e emissões carbônicas
se achando perdido, me permito ter razão
são arestas, curvas e volteios sem nome
são faces semelhantes no meio da noite, escuridão
me dão certeza que o silêncio é retórico,
que o silêncio é pretérito que o silêncio é falido
só é valido pra quem tem culhão
ponta na agulha, galho fraco faz o que tem que ser feito
quebra e dá de cara no chão, moça
vai um chá de sumisso pra curar esse coração?

domingo, 17 de julho de 2011

tenho certeza que o ato de ver fotos antigas fazia parte dos rituais de tortura chinesa. certeza.

sábado, 16 de julho de 2011

Dos paulistas - O amanhã que foi ontem

Tem pessoas que passam na nossa vida que marcam pra sempre. Dia desses, agora mesmo, estive pensando nas pessoas que conheci pelas andanças saudáveis da minha vida. Cada uma deixou uma marca e uma reflexão que valeram mais que qualquer..mais que..sei lá, mais que muitas coisas que eu acho que possam valer. Daniel, Seu Daniel. Andei, andamos, uns 40 minutos, por entre cipós, raízes de árvores, solos erodidos, capim recém-incendiado, familias bovinas, meio perdidos por entre aquela atmosfera nebulosa, fumacenta e seus vários tons de cinza. Poderia ter sido um filme em preto e branco. Só o céu, que parece mais azul e o sol mais amarelo quando estamos desprotegidos, sem chapéu, sem água e sem comida. Eles sabem como se colocar em nossas vidas e eles não ficariam bem em preto e branco. Nos perdemos. As pessoas tem costume dar informações que exigem mais e mais perguntas. É sempre: ó, purali. Por ali onde? Bem ali ó(apontando com o beiço pra direção indicada). Cheguei. e agora? Agora tu vira a direita. Virei a direita. Agora, tá vendo aquela cerca quebrada? Não é essa. Entra depois do açacú.( impaciente, já) JÁ ENTREI DEPOIS DO AÇACÚ, E AGORA? Agora tu passa por cima dessa ponte quebrada e espera eu te pegar por que os cachorros são bravos. Nunca é: isso, isso e isso e pronto.

Eu tenho mania de tentar sistematizar as coisas. Mesmo que mentalmente, traço planos, rotas, alternativas, discursos e esqueço que as pessoas são normais e não se importam em dar informações precisas, em enviar mensagens conclusivas, em serem diretas numa conversa, direto ao assunto. Gasto muitos neurônios fazendo isso.

Seu Daniel era um senhorzinho velho mas forte, daqueles que trabalham. Paulista. Diferente daquelas pessoas fortes de academia que dispensam maiores descrições. Era velho mas tinha os músculos da barriga definidos, braços fortes( não que eu tenha reparado) e cabelos brancos. Usava óculos semelhantes ao do John Lennon. A casa era a mais pobre que eu já havia visto. Chão batido, paredes de palha, cobertura de cavacos de madeira. Do tamanho do meu quarto e parecia um grande armário com coisas penduradas por todos os lugares. Ganchos, cordas, pedacinhos de madeira todos com coisas penduradas. Havia duas redes, uma mesa e um fogão de 6 bocas. Quando vi, óbvio que me perguntei o por que daquele fogão enorme. Era doceira, dona Regina. Gaúcha. Fazia doces de abóbora, de mamão, banana, abacaxi..deu água na boca agora só de lembrar. E tudo que usava para fazer seus doces saia da sua propriedade. Plantavam tudo, mas tudo mesmo. Só não eram mais auto-suficientes por que não tinham engenho de cana para produzir o próprio açúcar. Ele vinha da cidade.

(...)

Tinha cachorros simpáticos. Nos demos super bem apesar de ter me alertado que quando vão caçar - sim, os cachorros caçam - se transformam: viram o cão. Tinha um que era magrelo, mas forte, que nem o dono. - Esse caça muito. A outra é preguiçosa. Olhei bem para aquele rostinho magro e tive que concordar. Era meio creme, meio caramelo, meio marrom. Todos os tons se fundiam e me confundia se era cor ou sujeira. Dona Regina largou tudo e foi morar no interior. interior é eufemismo, por que aquele lugar é escondido, entocado, mocado. É o interior do interior. Fora professora de história e, engraçado, usava óculos à la John Lennon também. Seu Daniel era muito criativo. Tinha construido várias geringonças mas a que mais me chamou atenção foi o galinheiro suspenso. A galinha entrava por um esteira, tinha tipo umas cabines, separadinhas, com palhinha, graminha. Por baixo tinha um cano que conduzia o ovo recém botado para um outro compartimento que deslisava, vagarosamente, para um pote que ficava ao lado do fogão. Na hora do almoço, dona Regina esticava o braço e o ovo estava lá. Que beleza.

A horta e o pomar eram um espetáculo à parte. Parecia uma floresta de mamoeiros, limoeiros, laranjeiras, rastejando tinham umas abóboras, umas não centenas, daquelas grandes, gordas e redondas que aquele povo nos estados unidos usa para fazer carinhas aterrorizantes no dia das bruxas. Alías, não entendo por que usam a bixinha pra essa finalidade. Não há nada de diabólico numa abóbora. Pepino, couve, alface, rúcula, tomate (irgh), cenoura, beterraba, cebolinha..tudo...tudo mesmo se plantava. Era como seu fosse um supermercado ao ar livre. Tinha até café. Foi lindo quando ela colheu os grãozinhos, tostou numa espécie de forno improvisado, moeu e fez um café fresquinho, na hora. Só não estava melhor por que no interior as pessoas tomam uma espécie de chafé ou licor de café. Mais açúcar do que café. Menos café mais água. Mas tinha afeto, não se pode negar. -Ontem mesmo matei uns porcos. Eles vem aqui de noite por que sabem que estamos dormindo, safados, e comem minhas macaxeiras. Fazem um estrago tremendo! Reviram tudo e comem minhas raízes como se não houvese amanhã. E estavam certos, matei tudim, o amanhã deles foi ontem.

terça-feira, 12 de julho de 2011

acordei com a responsabilidade,travestida de luz, me lambendo a cara.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Anônimo, a libertação é diária. Todos os dias abro um cadeado e jogo a chave fora.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Do livros

Ela disse que se sentia sozinha. Que a sua companhia era feita de papel. Páginas amareladas que doem menos a vista, quando lidas em lâmpada fluorescente. Páginas amassadas por serem lidas varias vezes antes de aquilo tudo fazer sentido. Era uma leitura difícil, dizia. Eu disse que não adiantava andar com o livro debaixo do braço, quem nem bíblia, e nem dentro da bolsa que poderia facilmente ser atingido por uma garrafa de água entre aberta, um batom vermelho sem tampa, um pedaço de chocolate guardado há séculos, um chiclete velho enrolado num guardanapo. - Meu Tio Vânia virou um pergaminho enrugado recentemente. Um livro de páginas claras é um alvo perfeito para a lei que rege os acreditados e desacreditados, que faz com que tudo que você acredite ser ruim, tornar-se pior. Na verdade a lei em si não faz nada. Quem faz é quem acredita, emite as energias negativas para o universo e ele retribui da maneira que convir. Alguém acredita nisso?

A quem você quer enganar? insisti. De que adianta colecionar livros na prateleira se eles tem mais poeira do que o lado esquerdo do seu cérebro? Me diz, quando é que você lê tanto se passa mais tempo em frente ao computador do que vivendo a própria vida? Silêncio no quarto. uma porta range, um cachorro fedido entra. lambe, balança o rabo, peida e fede. Resmungos e um shhhhhhhh fora! É uma boa pergunta que exige uma boa resposta: Quando viajo. Pra seu governo esse ano eu já li 6 livros. isso é equivale a um por mês. Mas não é bem verdade por quem em dezembro eu li dois. E? E o que? E dái? E dai nada, só estou dizendo quando leio, oras.

E daí? E daí nada.

nunca vi pagar excesso de bagagem, não por peso, mas por lembranças dentro das malas.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

eu sempre serei eu. e vice e versa.

domingo, 3 de julho de 2011

dos sorrisos

eu vi águas e rios de todas as cores possíveis. vi até rios bicolores. risos idem. de todas as cores possíveis que, entre espaços vazios ou ocupados por dentes, sempre diziam alguma coisa. Lembro-me de um que me surpreendeu ao dizer, sem pronunciar uma palavra, que por causa da cheia do rio, não dava para catar as flores que caíam da samaúma vermelha, rosinha, pra fazer uma coroa pra sua mãe. - Há peixes que comem flores, disse o menino. Se eu fosse peixe, também comeria. Essas daqui são doces que nem mel. 

E disse isso tudo com um sorriso só.



.

eu já tive 13 anos.

Não seria tão difícil se não fosse o que é. Se não tivesse sido como foi, talvez nem ao menos tivesse chegado a doer. Mas como o amém, que assim seja, foi. E a dor se diluiu por cada canto que passei. Sim, fui eu. Quem mais teria sido se eu não fosse? Talvez você. Talvez ele, ela e seus respectivos plurais. Como eu. Mas como a personificação e o paradigma das palavras e conceitos difíceis de se explicar ainda exercem copiosa influência nas relações interespecíficas da sociedade 'ana' qualquer, nada disso significa coisa alguma. Nicles também, infelizmente, nunca mais. 

Só que ao ver pela rua, pela calçada, naquela blusa cinza, naquela sua esquina, perto do pescoço, é como se eu me fosse, voltasse pra quando usava óculos redondos rosados, tinha cabelos franjados e feições levemente, para não descrever com exatidão, indígenas - que nem eu e nem ninguém sabe de onde vem - balbuciando coisas sem sentido, completamente sem sentido, infelizmente sem sentido, mas sentindo uma vontade imensa de sair correndo depois de me perguntar: -Mas que diabos acabei de falei agora. Nessas horas o cérebro desliga, age involuntáriamente e você só se dá conta quando tudo aquilo passa. Ficam as duvidas, as revoltas e a vontade de esfregar a cara de pessoa mais próxima no chão. Ou a própria cara. Eu já tive 13 anos e confesso:  tenho várias vezes ao ano.

encontros

trinta segundos e, de repente, tenho 13 anos.

da quina da cama, pra esquina da sala de estar. esteve e sempre estará nas curvas e desvios dos espaços vazios que ficaram entre eles.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

do pedaço da língua

Eles achavam que era tudo uma questão morfológica. Vinha do norte, nordeste, sei lá, das bandas de lá. Afinal, ninguém é obrigado a saber os estados das outras regiões do Brasil que não sejam do sudeste ou do sul. Pra quê, né? Se as coisas boas que existem aqui não existem por lá. Palmeiras, sabiá. Sei lá denovo. Sei que foi muito cuidadoso ao me contar que certa vez, depois de muito tempo passar viajando por esses caminhos meio desconhecidos, pouco cartografados e hidrografados, parando em lugares que nem georeferenciados foram - vejam que absurdo!- onde o silêncio era o que mais se ouvia, este que havia tanto nas bocas quanto nos vácuos por que quando se é um viajante, de longe, pode-se causar certo estranhamento, uma situação um tanto intrigante.

Tacitamente era admirado, rodeado, ouvido e sentido. Passavam que nem cachorro por perto dele para tentar entender o que se passava com aquele falar, aquele jeito, aquele cheiro. A maneira que posicionava seus pés ao descansar. A quantidade de dobras que dava na barra da calça para não sujar a lama que coçava suas sandalias de borracha. -Havaianas, pronunciou o bêbê. apontou para seus pés, bateu palmas e fez pais, primos e tios sorrirem. -É, mas é do Brasil. Sorriu meio sem graça por perceber, só depois de ter dito, que podem não ter entendido. Podem nem saber que havaianas podem ser mulheres, pessoas ou coisas do gênero feminino, que vem do havai e nem que o havai é um lugar. -O Havaí é aqui disse o mais velho da comunidade, meio sem dente do lado direito, meio cansado em todo seu corpo- de não fazer nada- e com os cabelos meio brancos. Todos sorriram fingindo entender aquilo tudo. Eles dois entendiam. 

Ele não era diferente dos outros. Não era um gringo. Não tinha a pele branca, nem os cabelos loiros, muito menos olhos azuis. Tinha a cabeça chata, queixo e feições quadradas, mas não chegavam a formar ângulos obtusos.Ele não era um desenho animado. Era real. Baixinho, corpo forte de quem trabalha. Diferente dos fortes que exercitam seus músculos localizados. Acredite: é muito diferente. Suado parecia uma escultura brilhante à luz do sol. Eu olhava mesmo, por que eu achava bonito e assim também faziam os outros. Mas olhavam por outro motivo que eu, claro. Nem sei por que falei isso aqui agora.

O que intrigava não era sua feição. Era seu falar. Quando ele começava todo mundo se calava para ouvir e entender como aquele som de sua boca saía. A voz..bem, a voz era normal, voz de homem forte que de vez em quando fuma tabaco, que canta hinos na igreja, que toca violão e que imita o padre Marcelo Rossi- de vez em quando- capaz de enebriar mocinhas necessitadas de ouvir elogios. Não a mim. Eu não.

- Por que que tu fala assim? Tua língua tem problema, é? perguntou uma mocinha envergonhada, mas atrevida.

- É igual a sua. Pode ser um pouco mais suja, por que não tô acostumado a escovar a boca com frequencia, mas é igual a sua. 

Rolou um burburinho. Eles começaram a comentar baixinho, zuniram, uma galinha deu uma cacarejada, dois cachorros se pegaram na peia, de leve, um latido, uma velha graniu algo incompreensível batendo os pés e as mãos, um gato se esfregou na perna do banco de madeira, a fim de aliviar a coçeira de suas pulgas.

-Rapae, é não. tu fala estranho. A tua língua é menor, é? Me ensina.

-Tu tá é ficano doida, minina. E saiu.

Referiam-se ao seu sotaque. Agora eu sei, que é do 'nordesti', como ele disse. enquanto ele virava as costas, uma criança veio correndo, puxou sua calça, sinalizando que queria falar algo no seu ouvido:

-Quando eu crescer mais um pouco tu corta a minha língua pra eu falar  assim 'direitinhu' que nem tu?

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domingo, 12 de junho de 2011

deixa eu te mostrar minhas memórias.

domingo, 5 de junho de 2011

o tempo passa e eu não passo de uma lauda.

seus.

são céus que fazem carreiras. que correm de longe, pegam impulso e se espatifam pelo ar com bolinhas de algodão doce - sem ironia- e colorem o amanhecer solitário do par míope e astigmatizado. É uma beleza ouvir o silêncio da manhã. alguns pássaros gasguitos, alguns galos atrasados, algumas pessoas de bicicleta, outras correndo para perder as calorias ingeridas no fim de semana. Tudo rosa. É bom morar na morada do que nasce em todos os lugares do mundo, mas aqui, geograficamentelatitudementelongitudimente falando, nasce belamente principalmente quando se volta pra casa, sem pretensão nenhuma além de dar bom dia, trazer um pão quente e fingir que a vida não é nada mais além do que gentilezas geradas.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

a única maneira

que tenho de tocar
é com o mouse

clic.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Bem aventurados os que compartilham suas chuvas.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

DESFOTOGRAFANDO

quinta-feira, 19 de maio de 2011

eu me encolhi prevendo a morte. prevendo a dor e todas as suas consequências que nos fazem desejá-la. me encolhi por que me sentia pequena, pequenininiea e por mais que eu tentasse engrandecer meus pensamentos eles também não passavam de pífias palavras soltas, como de costume. eu queria voltar pro ponto onde eu havia me perdido há tempos mas os passos se apagaram e não deixou-se migalhas e nem placas de sinalização, como de costume. pensei em começar a cantar mas eu não tenho uma música favorita. não tenho nenhuma banda ou artista favorito. gosto de música só. de preferência boa de acordo com os meus padrões que quem define, como de costume, sou eu.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Não adianta se preparar. nunca estaremos prontos para certas coisas que acontecem sem avisar. Muitas vezes avisam por meios, linhas, curvas que não vemos. É uma tentativa sutil de nos fazer abrir os olhos e quando se abrem por inteiro já aconteceu. Nunca estaremos prontos.

até os cactos morrem.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

praticando a arte milenar de controlar o canto dos olhos.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

adoraria colocar meus feitos na parede.

mas não posso.




não tenho.

Toda burrice (senti) mental será castigada.

Da organização processual mental.

Não sei como vocês, pessoas normais, fazem. Pra mim é uma dificuldade enooorme conseguir organizar, alinhar por ordem alfabética, de importância, cor, faixa etária e de coerência. (Faço a mesma coisa com guarda-roupas e estante de livros). São como circuitos, mini circuitos, elétricos, obviamente, pulsantes, latejantes, conectados por teias infinitamente indecifráveis que vão e vêm em milésimos de segundos.

E ainda me pedem coerência, veja só. Cada som, em menos tempo que um piscar de olhos, se transforma em uma sinfonia, num arranjo de notas, numa sequência harmônica que fica cutucando meus ouvidos de dentro pra fora. Vezes ou outra, batuco com os dentes - não tão bem quanto ele- com os dedos dos pés, quando estão livremente expostos em uma sandália ou havaianas, por que não dizer, e emito sons, solfejos, obviamente desafinados, que libertam essa confusão sonora mental que no final, quem chega a ouvir define como nada mais nada a menos que uns grunidos sem sentido. Não tenho bateria em casa.

Cada palavra solta, ouvida pelas ruas, entre conversas, músicas, lida em cartazes, é carregada de mãos dadas com outros adjetivos, vírgulas e sinônimos e que juntas, formam frases, poemas, coisas sem sentidos, contos e até coisas sem categoria literária definida. É mais forte do que eu. Como poderia sistematizar meu cérebro para informatizar meus pensamentos de forma que eles pudessem ser aproveitados na íntegra, sem deixar que o efeito da minha fraca memória os fizessem se perder pela simples e inegável realidade anatômica e morfológia minha, de como ser humano de polegar opositor, não ter, no lugar da palma da mão direita, um caderninho e em meu dedo indicador, um lápis?

Seria muito fácil quando todas essas coisas viessem, pudessem ser transferidas imediatamente para o papel. Eu não estou 24h em frente a um computador ou em posição de lótus esperando a inspiração, piração, resolver tomar meu corpo, dar uma de Chico Xavier e resolver esse problema todo. Perco muita coisa deixando pra anotar depois. Sem contar que o pensamento quando vem é muito melhor do que quando você lembra dele.

Sinceramente, não sei como vocês, pessoas normais, fazem.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

sem fundo,mar.

olhei, encolhi os olhos, forcei a vista que vive cansada mas não consegui nada além de ver verde nos olhos de mar sem fundo. ainda bem.

quinta-feira, 31 de março de 2011

coleciono romances. muitos com 180 páginas.

terça-feira, 8 de março de 2011

chegamos chovendo. chuva e eu.

terça-feira, 1 de março de 2011

compro estômagos saudáveis. pago bem.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

a vida é pequena

mas tem bastante espaço.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

pensei tanto que fiquei com a boca seca.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

lembro como sobrevivi à última chuva da penúltima primavera. tinha gosto de liberdade.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

mora em todos os meus municípios.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

uhú uôô

Aquela velha história que se repete desde os tempos mais primórdios, das explosões galácticas, das extinções e evoluções de espécimes, muitos todavia, desconhecidos até o momento em que não havia nada e nem ninguém que pudesse provar o contrário dos que se diziam existir. Por que nem tudo que é, existe. Nem tudo que existe, é. E é nesse paradigma que a vida segue seguindo, muitas vezes sorrindo, ou não, mas segue. Linhas, estradas, caminhos desconhecidos e adoravelmente inexplorados. Becos, vielas, buracos e barracos e seus habitantes inusitados. Em um mundo onde o reflexo é o que se diz, seja de água, chafariz ou qualquer outra coisa que rime, nem sempre o que sai da boca é o que encanta. Mesmo as vozes e timbres mais estranhos e, digamos, exóticos, tem seu valor. Ah tem. Muito bem dito, por sinal, diria Catatau que eu olho pra você enquanto passo mal. E é verdade. Lavo, passo e estendo no sol que queima pestanas e há de avermelhar cabeças escuras ou levemente escurecidas. Difícil saber o tom de cada um. Bom seria se ele queimasse esse cérebro. O lado esquerdo, esse porco. Queimasse mais neurônios. Eles, que não são usados mesmo, só servem pra estatística provar o quão inútil é termos um pote de sorvete de chocolate com creme e sermos intolerante à lactose. E não me venha com essas alternativas nojentas. Poupe-nos dessa praga agrícola que quer dominar o mundo, que quebra barreiras a cada ano, que passa dominando lares bovinos e lares de comida de verdade. Ninguém come toda essa soja, porra.

Que vida dura essa que arranca pedaços dos pés. que arranca cabelos e unhas. que dissolve o amor próprio em troca de uma satisfação volátil. que ruge como uma fome de anos dentro do estômago ácido. - quero comer teus erros, ele disse em grave e mal tom. um por um. - Pode comer, oras. Aproveita e me deixa invisível. A vida deve ser muito mais fácil p'raqueles que não tem rosto.

Me engana que eu gosto. Me engana que eu minto, que eu destroço, como um frango tísico e sem coloral, cada pedaço de esperança que insiste, mas insiste, em existir. Com o som do nada balbuciado por uma boca sem voz: uhúuu, uôô.

Mesmo pensando e escrevendo coisas sem sentido, conectadas apenas pela ínfima linha da imaginação e, mesmo desconexas, sempre haverá alguém para chamar de arte o ridículo emaranhado d'as cabeças que jorram enigmas a serem decifrados, instigando memórias e causos, associando semelhanças à fatos reais da vida real.

Acho divertido.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

verde. era só o que se via. pasto. era só o que comia. tristeza. era o que vivia, Catarina.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

de repente percebi que me sobram orelhas

mas me faltam ouvidos.

sábado, 8 de janeiro de 2011

favor separar o tomate.