segunda-feira, 24 de novembro de 2008

e o que resta
é só o que sobrou.

Fantasma

E quando vem vigiar, olhar o que estou fazendo, faço o que mais sei fazer: ignoro, finjo que não existe o que muitas vezes não existe mesmo. Sinto o cheiro que deixa rastro pelo quarto e pelo corredor. cheiro de rua, mulheres e copos. Impossível não sentir. Exala pela pele e pela boca. Sinto nojo e sinto pena. Aquele é maior. Vai-te e deita-te no hotel de luxo que o custo é apenas um saco de pão fresco. Meias notas arrancadas com tanto ardor das mãos seladas. Vai-te e come do que sobra. É só o que sobra. E o que fica, pra quem fica, pouca gente se importa.

Mas que calor.

Desligar-se do mundo, mesmo não sendo por vontade própria, ás vezes é bom. Parece que deixa de existir quando não se dá aquela olhadinha no orkut, faz alguma atualização no blog, coloca uma foto no flickr, fotolog, escreve alguma besterinha no twitter. Pessoas existem apenas nesse mundo virtual. Se vc não faz parte dele, todos os dias, não faz diferença.O mundo continua o mesmo e as vidas também. Que mundo é esse que as pessoas estão mais preocupadas com a foto que vão colocar no álbum do orkut do que dar um telefonema pra perguntar se está tudo bem. É o mundo que eu ainda vivo e estou tentando mudar de residência.o mundo de espionagem, de monitoramento e de esconderijos, no qual estive imersa. afogada. Me deixa escrever minhas perturbações, anseios e frustrações. Afinal, não é pra isso que serve um blog? Lembro da primeira vez que ouvi falar sobre blogs. Eram diários virtuais, que poderia escrever sobre si e compartilhar com os outros, se assim quizesse. Tem gente que encara como confessionário, como tribunal e tem até gente que acha uma bobagem escrever. Eu não. E é por isso que por mais que esses modismos passem, a minha necessidade de escrever vai estar em todos os lugares, sejam eles públicos, ou não. digitais, manuais, mentais. lá estarão. independente de ninguém. E eu também terei um telefone ( pelo menos até agora) que faz e recebe ligações e até mensagens de texto. É disso que eu preciso: de mecanimos pra me expressar e de me fazer entender para as pessoas que importam. que eu me importo. não importa se a recíproca é verdadeira. não há sentimento melhor do que o gostar. não se espera nada em troca. das vezes que é frustrante, é recompensado por poder dizer poucas palavras que podem melhorar o dia de alguém.