domingo, 26 de junho de 2016

Cartas mentais

Te escrevo cartas mentais. Quase todos os dias em que me pego pensando em coisas que deveriam, que poderiam. as vezes faço jogadas poéticas, rimas banais e as vezes consigo voltar até o inicio do paragrafo para corrigir uma concordância verbal.

Ontem no trem, te escrevia sobre como eu adorava compartilhar coisas com você. Pensamentos, impressões sobre arte, sobre o jeito como as pessoas se vestem e como eu adoraria usar aquela calça curta que antes era considerado ridículo, hoje super 'in'. E então, derrepente, passeando com os dedos pelas diversas opções de entretetenimento, aparece um filme que ensina como ser solteira. achei engraçado, achei bobo, mas assisti. Precisava ocupar minhas 11 horas com os pés fora do chão. Em varios momentos desligava os ouvidos e pensava comigo mesma sobre o quanto eu estou me saindo bem, de verdade. É clichê, eu sei, mas parece que esse negócio de idade e maturidade com as coisas da vida realmente faz sentido agora que deixei a adolecência há algum tempo. Me sinto mais mulher do que nunca. Minhas espinhas tardias são apenas toxinas que meu homeopata achou que seria divertido  colocar pra fora pelos poros. Não vou reclamar aqui. Elas tem que sair por algum lugar: que saiam por onde quiserem.

Quando penso em você, me parece uma poeira, uma névoa, uma bruma. Semana passada andei de bicicleta na chuva e tenho certeza que era você que estava caindo por aquelas gotas geladas e me fazendo bater o queixo. Se materializa em memórias boas, sempre elas, eu abraço, tento pegar no ar, e você se desfaz e se vai. Sem se importar, como assim sempre foi. Acho que é assim que a gente supera estas coisas, né? Lidando com as poeiras que vem e vão e de vez em quando irritam os olhos. Como agora, em que olho pela janela os prédios do jardins, enquanto o frio vem pelos meus pés e minha vontade mesmo é de querer estar na praia, olhando o mar sem muito fazer e sem muito pensar. Só estar.

Quando te escrevo cartas mentais não era nada disso que eu queria dizer. Me veio uma poeira nos olhos, vou ali lidar com ela. Volto depois.