domingo, 3 de julho de 2011

eu já tive 13 anos.

Não seria tão difícil se não fosse o que é. Se não tivesse sido como foi, talvez nem ao menos tivesse chegado a doer. Mas como o amém, que assim seja, foi. E a dor se diluiu por cada canto que passei. Sim, fui eu. Quem mais teria sido se eu não fosse? Talvez você. Talvez ele, ela e seus respectivos plurais. Como eu. Mas como a personificação e o paradigma das palavras e conceitos difíceis de se explicar ainda exercem copiosa influência nas relações interespecíficas da sociedade 'ana' qualquer, nada disso significa coisa alguma. Nicles também, infelizmente, nunca mais. 

Só que ao ver pela rua, pela calçada, naquela blusa cinza, naquela sua esquina, perto do pescoço, é como se eu me fosse, voltasse pra quando usava óculos redondos rosados, tinha cabelos franjados e feições levemente, para não descrever com exatidão, indígenas - que nem eu e nem ninguém sabe de onde vem - balbuciando coisas sem sentido, completamente sem sentido, infelizmente sem sentido, mas sentindo uma vontade imensa de sair correndo depois de me perguntar: -Mas que diabos acabei de falei agora. Nessas horas o cérebro desliga, age involuntáriamente e você só se dá conta quando tudo aquilo passa. Ficam as duvidas, as revoltas e a vontade de esfregar a cara de pessoa mais próxima no chão. Ou a própria cara. Eu já tive 13 anos e confesso:  tenho várias vezes ao ano.

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