domingo, 14 de agosto de 2011

das caixas

uma caixa para cada ex sapato. colorida, encapada, de plástico, papelão e até de madeira. uma caixa para poucos, parcos, pedaços. uma caixa vazia, cheia de espaço. outra cheia de ar, outra cheia de luz. uma caixa para cada passado. uma para cartas, cartões, flores secas, fotografias saudosas e tem até a de negativos de fotografias. uma para etiquetas de roupas, outra para convites, panfletos, flyers. anotações, escritos, borrados e nunca enviados. uma caixa para cada passado. uma caixa cheia de mim. outra cheia d'outros. botões, imãs, comprovantes de cartão de crédito desaparecendo. foi difícil e vai sendo sempre aos poucos. me livrar dessas minhas caixas é como me livrar da única memória que funciona corretamente.  meu hd externo está cheio de coisas que não quero me livrar mas a vida, essa caixinha de surpresas, exige espaço. exige espaço nas gavetas, nas caixas, nas prateleiras e nos porta-retratos. se exige presente no passado. me exigem presentes do passado.