sábado, 31 de julho de 2010

Das pontas duplas 1#

Estivemos pensando, eu, meu eu lírico e minhas pontas duplas, o quão bom é estar do outro lado. Do outro lado, se tem olhos diferentes. Se tem emoções e comportamentos distintos. Bom seria se eu soubesse que era tão bom estar do lado de lá, onde fala-se o que quer, onde inferniza-se quem pode. Coisa boa é não ter nada preso na quina na porta. Coisa boa é poder falar de boca cheia: quem tem com que me pagar, nada me deve.

Das pontas duplas 2#

Estive olhando pra ver se te encontrava pelo meio dos vazios das sombras que se faziam pessoas. Não te encontrei. Queria te ouvir dizer que sou seu orgulho, que meu cabelo fica legal naquela luz ou que sei lá, estou diferente, que queria fazer coisas que eu faço, como dizia quando não tinhamos problemas em usar roupas iguais. Mas você não estava lá e a minha agonia é tanta, que te vejo travestida de desconhecidas. Com cabelos e cores parecidas. Com aqueles olhos que vezes me matavam por dentro, mas sendo quem sou, quase ninguém sabia. Só nós. Eu, meu eu lírico e minhas pontas duplas. Eram luzes e mais luzes e eu tendo dificuldade de escolher uma só que me agradasse mais. Eram vozes e vozes, mas nenhuma parecida com a sua. Nenhuma parecida com a minha. Ficou um buraco que, de vez em quando preencho, pra que elas- as aranhas- não tomem conta. Por que com o tempo, as coisas tem que ser diferentes. Não é opção. É obrigação. Vamos cortar os cabelos juntas?