terça-feira, 17 de março de 2009

Espinha de peixe

voltei. voltei temperada com pimenta
biribá, bacurí, cacau, pouco sal
voltei ácida, citricamente falando, azeda.
voltei com outros olhos
engasgada com espinha de peixe
farinha nenhuma desentala
paca, porcos e parcas lembranças
períneos outrora invioláveis pedem socorro
voltei hepática da infância
voltei quase sem sangue, não me pediam permissão
me circula melhor, aqui
queixada, piaba, filhote, que achas?
tambaqui pergunta o por quê
caldo, óleo, água suja, fígado, dor
vento eu até que tento sentir
com as espinhas fiquei mais forte
ouse e viro porco-espinho ou cateto
sem jeito
ouse que te lanço pelos olhos
fagulhas
sobre teu chão passado
cuspo teus passos
pois aonde não há patente
não se vomita só a flor: espinho também.