Legislaine, por ironia do destino, estudava direito. Estava escrito no crachá, mas a foto era de um urso panda. Sugestível. Chegou assim do meu lado com aquele cheiro de desinfetante de banheiro. Meio ardido, meio cheiroso, meio irritante. Me afastou com um movimento brusco de ancas pedindo espaço. Afastei, claro. Posso dar descarga em você? Pensei. Perante aquela voluptuosidade toda, kilos de pelancas brancas, quase transparentes do sol que quase nunca chegou por lá, meia nádega monstruosa quase a engolir minhas canelas finas de passarinho: alguém tinha que ceder. Eu cedi. Mas foi por medo de ser esmagada, não nego. A feiura não me intimida. Já vi cada coisa que, pfftt, fichinha. O problema é que ela ao sentar, me fez ficar quase que na posição fetal, encolhida, com os braços e pernas cruzados, calculando cada movimento futuro, com medo de meus pêlos do braço encostassem na manga da blusa de algodão sintético, com desenhos geométricos. Se bem que círculos não me parecem ser geométricos. Essa palavra sempre me remete à ângulos, vértices e retas. Enfim, tinha medo de respirar, pois ao fazer, meus pulmões iam se expandir e tomar mais espaço na parte frontal do meu corpo, logo ali onde eu agarrava minha bolsa, forçando-a contra os peitos que estavam quase derretendo. Depois que comecei a ficar dormente e com falta de ar, resolvi levantar e mudar de lugar, já que a Sra. Panceps não sacou que estava cometendo quase um homicídio culposo, assim, sem perceber. Confesso que fui corajosa, mas depois fiquei com vergonha, ao relaxar, respirar e olhar pra ela com caradepeidaramaqui: "Da próxima vez, traga um banquinho do seu tamanho"
Muitas
Há 4 anos