quarta-feira, 10 de março de 2010

ri

e quando aquele cheiro de água passar, cheiro de sujeira, de esgoto, de côcô, de cachorro molhado, de lama, de terra, de água de louça, de patos e de galinhas, de gente morta que emerge, assim como os cachorros e as bonecas enterradas, emergem quando o sol bate e sobe, junto com suas almas (almas de plástico também sobem), aquele mal cheiro, pixé, catinga, vutum, fedor insuportável de coisa no sol

e quando eu não conseguir mais enxergar o rio da janela no quarto vazio da casa, quando essas invasões estiverem despedaçadas de mofo e leptospirose, malária, dengue, e todas essas doenças tropicais, que parecem ser muito mais especiais que as outras doenças só por que não tem dinheiro sendo investido, simplesmente por serem doenças que somente os pobres , a grande massa, contrai. E não é nada difícil pois doenças causadas por parasitas como bactérias, protozoários, podem até ser complicadas de tratar, mas se conseguem tratar um vírus que se muta a cada ciclo de vida, por que não investir em saúde, pelo amor de deus! Sabe por que esse alvoroço todo chamado batalhão da dengue, que diz que vão reduzir drásticamente os casos ? É muito óbvio, elementar, eu diria: o ciclo de vida do mosquito está chegando ao fim, é muito fácil acabar com o que já está acabando.

Na verdade eu só precisava dizer que passo muito tempo da minha vida doente, observando pássaros na janela, contanto unhas pelo chão e ouvindo minha cadela roncar.