domingo, 24 de fevereiro de 2008

Sangue.

Ele pode ser de dor
ou de amor
pode ser violência
ou por carinho
Pode ser de ódio
ou de solidariedade
Pode ser por fraqueza
ou por pura nobreza
Na dúvida ou no alívio
Ele traz alegrias pra mim
por isso
Meus anjos e demônios
Dizem amém.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

De si, pouco se sabe além de mim.

No tempo em que usava sandálias menores que os pés,roupas emprestadas que cobriam as partes que(ainda)não tinha, que mal deixavam ver o que se tinha dentro de si pois escondia com os ombros o que a alma mostra pelos olhos: Aquilo que realmente é.
Achava que era dona do mundo,mas sabia que não se domina o mundo com os ombros.Lhe faltavam braços.E era a dona do mundo.Do seu mundo.Aquele que as fronteiras eram as paredes do quarto de reboco nú, rabiscadas com giz colorido roubado da tia da escola.

Na escola era rainha,era a invejada por todas, a imitada - o que na época irritava-a ao extremo ao ponto de fazer coisas que ninguém teria coragem de fazer.Assim começou nascer alguém em cima de outro alguém.Psicologicamente falando,algo totalmente explicável por Freud.E que fique bem claro que eu não entendo nada de psicologia além do senso comum de dizer que o velhaco explica tudo.Vai saber.Tenho até um livro dele aqui que troquei em um sebo mas nunca tive a coragem de ler.

Como dona do mundo -aquele lá das paredes coloridas- se perguntava o que faltava para se sentir inteira,plena e tranquila com as coisas do seu mundo e do mundo dos outros.Tentava de todas as formas possíveis compensar a falta e ausência com a autencidade copiada, forjada de alguém da revista ou da mtv.Sentia-se satisfeita com tão pouco, se sabotava pensando que as coisas não poderiam ir além do que se vê.
Não sabia que para entender as coisas dos mundos e fazer com que eles fossem seus, tinha que ser do mundo também.E que antes de pertencer a qualquer mundo que fosse, teria que pertencer a si mesmo .Acima do que não se vê e acima do que se quer.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Pequena

Tinha os cabelos maiores que a metade da sua altura, pretos como o teclado que agora me serve como tradutor de idéias, preto como a noite sem lua e nem estrelas.Olhou pra mim com olhos de jabuticaba madura ou talvez bolas de bilhar, tão pretas que dava pra ver o reflexo meu e disse:
- O que é isso no seu nariz?
- Um brinco.
- Eu quero um brinco no meu nariz também.
- Não, você é muito pequena ainda pra ter brincos além das orelhas.
Se escondeu atráz da poltrona e levantou em um pulo só dizendo:
- Olha lá fora. Vaquinhas.
E se escondeu.
E olhei as vaquinhas e fiquei pensando.As crianças me comovem.E eu tenho uma certa resistência à isso.À crianças.Em todos os lugares que eu estou, seja numa fila, seja andando na rua ou no ônibus elas tendem a olhar pra mim com uns olhos estranhos e isso me incomoda.Parece que elas sabem de mim mais que eu e pensam:- Olha só, ela nem se conhece.Me dá medo.Mas eu gosto.É uma forma de me testar.Imagine só, as crianças me testando!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Imunidade contr'outros

Não tem como roubar aquilo que já faz parte de si.