quarta-feira, 6 de julho de 2011

Do livros

Ela disse que se sentia sozinha. Que a sua companhia era feita de papel. Páginas amareladas que doem menos a vista, quando lidas em lâmpada fluorescente. Páginas amassadas por serem lidas varias vezes antes de aquilo tudo fazer sentido. Era uma leitura difícil, dizia. Eu disse que não adiantava andar com o livro debaixo do braço, quem nem bíblia, e nem dentro da bolsa que poderia facilmente ser atingido por uma garrafa de água entre aberta, um batom vermelho sem tampa, um pedaço de chocolate guardado há séculos, um chiclete velho enrolado num guardanapo. - Meu Tio Vânia virou um pergaminho enrugado recentemente. Um livro de páginas claras é um alvo perfeito para a lei que rege os acreditados e desacreditados, que faz com que tudo que você acredite ser ruim, tornar-se pior. Na verdade a lei em si não faz nada. Quem faz é quem acredita, emite as energias negativas para o universo e ele retribui da maneira que convir. Alguém acredita nisso?

A quem você quer enganar? insisti. De que adianta colecionar livros na prateleira se eles tem mais poeira do que o lado esquerdo do seu cérebro? Me diz, quando é que você lê tanto se passa mais tempo em frente ao computador do que vivendo a própria vida? Silêncio no quarto. uma porta range, um cachorro fedido entra. lambe, balança o rabo, peida e fede. Resmungos e um shhhhhhhh fora! É uma boa pergunta que exige uma boa resposta: Quando viajo. Pra seu governo esse ano eu já li 6 livros. isso é equivale a um por mês. Mas não é bem verdade por quem em dezembro eu li dois. E? E o que? E dái? E dai nada, só estou dizendo quando leio, oras.

E daí? E daí nada.

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