quinta-feira, 19 de julho de 2012

A cada km de vida.

Cansando de ouvir seus assovios sinfônicos ecoando só na memória. Faz daí, que ele cruza os ventos, fumaças e relevos tortuosos pra chegar aqui, perto de mim. Meu lado direito nunca se sentiu tão vazio, frio e sem apoio. É hora da reeducação postural, cara moça, pra enfrentar esse inverno amazônico repentino. Migraria, como se fosse pássaro, ao sul sem pensar mais de duas vezes se já não tivesse idade para ser mãe ( mesmo não sendo, mesmo não querendo. só tendo idade). Todos os dias surgem mães e crianças. Em mim, só rugas e manchas de sol. Tendo idade para ter saído da casa dos pais, para ter passado em um concurso e ter a vida estável tão almejada por muitos, evitada por alguns como eu. A independência residencial não inibe meus caminhos viajantes e nem minha maturidade perante a vida. Muito menos meus sonhos de sempre voar mais alto, caminhar até mais longe. Vou engatinhando, caindo, ralando os joelhos, tirando topos dos dedões - pernas tortas-, vida sinuosa porém com dois juízos restantes.

Os rios e mares de possibilidades me instigam. Estou tão perdida quanto estive no passado, mas olhando pra trás, agora mesmo, já fiz tantas coisas que consegui encher um caderninho de rabiscos, e ticado itens a fazer da minha lista infinita. O bom de se fazer planos é poder fugir deles. Mudar o rumo, a ordem natural e o fim. Começo a achar que estar perdida é condição para fugir do conformismo. E continuo perdida, me achando em cada km de vida.