quinta-feira, 28 de abril de 2011

Da organização processual mental.

Não sei como vocês, pessoas normais, fazem. Pra mim é uma dificuldade enooorme conseguir organizar, alinhar por ordem alfabética, de importância, cor, faixa etária e de coerência. (Faço a mesma coisa com guarda-roupas e estante de livros). São como circuitos, mini circuitos, elétricos, obviamente, pulsantes, latejantes, conectados por teias infinitamente indecifráveis que vão e vêm em milésimos de segundos.

E ainda me pedem coerência, veja só. Cada som, em menos tempo que um piscar de olhos, se transforma em uma sinfonia, num arranjo de notas, numa sequência harmônica que fica cutucando meus ouvidos de dentro pra fora. Vezes ou outra, batuco com os dentes - não tão bem quanto ele- com os dedos dos pés, quando estão livremente expostos em uma sandália ou havaianas, por que não dizer, e emito sons, solfejos, obviamente desafinados, que libertam essa confusão sonora mental que no final, quem chega a ouvir define como nada mais nada a menos que uns grunidos sem sentido. Não tenho bateria em casa.

Cada palavra solta, ouvida pelas ruas, entre conversas, músicas, lida em cartazes, é carregada de mãos dadas com outros adjetivos, vírgulas e sinônimos e que juntas, formam frases, poemas, coisas sem sentidos, contos e até coisas sem categoria literária definida. É mais forte do que eu. Como poderia sistematizar meu cérebro para informatizar meus pensamentos de forma que eles pudessem ser aproveitados na íntegra, sem deixar que o efeito da minha fraca memória os fizessem se perder pela simples e inegável realidade anatômica e morfológia minha, de como ser humano de polegar opositor, não ter, no lugar da palma da mão direita, um caderninho e em meu dedo indicador, um lápis?

Seria muito fácil quando todas essas coisas viessem, pudessem ser transferidas imediatamente para o papel. Eu não estou 24h em frente a um computador ou em posição de lótus esperando a inspiração, piração, resolver tomar meu corpo, dar uma de Chico Xavier e resolver esse problema todo. Perco muita coisa deixando pra anotar depois. Sem contar que o pensamento quando vem é muito melhor do que quando você lembra dele.

Sinceramente, não sei como vocês, pessoas normais, fazem.


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