segunda-feira, 5 de abril de 2010

Das mudas

Roendo fracionadamanete unhas,
olhando detalhadamente céus
contando meticulosamente gotas
rezando pra calçada mudar de lugar
toda vez que os ângulos das suas pernas
já tortas de futebol,
formarem cruzes apontando pro céu

Quantos carros coloridos
E minha face sem cor
Quantos postes, quantas costas definidas, divididas
Cara e espelho, sem tirar nem por

Me falta um batom , querida
Quantos postes, quantas costas
Poder de ir e vir
Quantas noites, quantas mortes
Ai que vontade de rir

É sem tirar nem por, menino
Sem tirar de cor
Sem mudar de cor, menino
Sem mudar de cor

Não se muda só mudando de endereço
Não se muda se morrendo o dia inteiro
Não se muda gritando, não se muda fugindo
Não se muda matando
Não se fala, não se muda.