segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Menina, macaco e cara de sirigüela

Ela não tinha nada além de uns trapinhos. Um punhado de calcinhas, um vestido rosa, outro florido e um macacão jeans. No ombro esquerdo carregava um macaco, daqueles salientes, que roubara da floresta que existiu ali há tempos. Já tinha perdido dois soldados que cuidavam do portão de entrada e ela parecia não se importar por ter ouvido dizer que era só tomar um copo de leite todo os dias que eles iam voltando, crescendo devagar, dia após dia.


Hoje, tomou um gole de suco de sirigüela e fez a mesma cara da fruta. Engoliu junto com o choro que vinha regar as vassourinhas que cobriam seus olhos, marejados do rio à frente, marrons como a casca do coquinho que descascava e deixava seus dedos alaranjados. Era simples como um sorriso observar aqueles peixes sendo sequestrados de seus lares. Era comum. Não se fazem corações como antes, ela dizia com um certo tom de soberba, ou nobreza imaginária, de pensar que no alto de seus cabelos negros, cortados à cuia, alguma vã filosofia distante poderia guiar seus passos descalços pelo chão barrento, chão sem grama, sem folha sem flor.


Veio uma formiga e picou seu dedinho deformado pelas formas que as quinas dos móveis, árvores e esquinas os dão. Quase não sabia de palavrões, mas saiu um abestada, tão natural quanto qualquer outra coisa natural. Não gostava de fazer comparações. Eu, de vez em quando. Pra medir o grau de proficiência da coisa. Mesmo que eu nem saiba o que isso significa, de vez em quando, faz-se o uso do dicionário e alimenta-se o próprio. Muito mais confiável, por que realmente descreve o sentimento de cada palavra. Em breve, nas livrarias mais próximas da saída de emergência.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Das minhas letras e dos livros de português - que foram apostilas.

Me escrevo por necessidade, não por vaidade ou por esperar algo além de ver minhas palavras, meus erros de português nessa telinha, com essa fonte que desgosto um pouco, mas que não diminui meu prazer. Com essa justificação quadrada, parecendo ter saido de dentro de uma caixa. Não deixa de ser, mas minha caixa é meio ovalda. Com esse layout pobrinho, sem muitas cores, diferente das que vejo no meu mundo. Prazer esse comparado a ver um quadro na parede do corredor, onde muitas pessoas podem vê-lo, ou só você e mais dois ou três. Ou cinco.


É prepotência demais achar que textos sem nexo, poesias pobres e cheias de coisas azedas possam conquistar leitores assíduos, fãs, admiradores secretos e até desejos sexuais. O mundo já é feio e estranho demais, pra alguns. Aquele contador é fictício. Foi geneticamente manipulado. Escrevo por ter a caligrafia extremamente horrível. Da minha assimetria corporal, deve haver alguma influência na mão direita, pois essa parece ser, anatomicamente, despreparada para escrita. As aulas de português, literatura e redação eram uma tortura. Tanto pra mim quanto para os professores. Eu sei, poderia ter sido corrigido na infância. Não vou culpar a Tia Luzia por não ter me obrigado a dar a volta ao mundo com alfabetos manuscritos. Talvez fosse pra ser assim. Letra feia e pensamentos idem não são pra qualquer um.


Engraçado que nas disciplinas que eu mais tinha dificuldade de me expressar grafísticamente, eram justamente as que eu mais gostava. Sempre li todos os livros paradidáticos do ensino médio, fundamental e até pra fazer o vestibular, onde muitos acabavam por cascavulhar resumos, palavras e sentidos mastigados dos mesmos. Decorava as regras gramaticais para corrigir os amigos. Coisa chata, eu sei, mas eu fazia.


Hoje em dia, não é mais assim. Sempre fui simpatizante da lei do uso e desuso de Lamark. Aconteceu comigo e com os livros de português - que por um tempo foram apostilas positivas. Deve acontecer com outras coisas também. Quando se para praticar uma coisa, aquilo vai ficando para trás. Ou seja, quem não pratica, o rabo espixa.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

não é por nada não, mas envelhecer dá trabalho.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

do lado esquerdo

Essa noite nção consegui dormir. acordei várias vezes durante a noite e senti também, muit agenyte entrando e saindo, fanedo barulho. pareciam ser minhas coias suins que etsvam sendo levadas peloa notq eu passou. cada um pegava um punhado, e saia de mão cheia. p-oderiam ser outras coisas, senão mosquitos. Trocar de idade é trocar de pele. É um novo ano que começa do mês mais gostoso d ano. Agosto, diferente dp qe é pra muitos, é um mês delicioso. Só que o gosto é dequem fz, a gosto do freguyês. quwerendo que ele seja amargo, assim ele será. O meu sempre foi e sempre será o mês d eipês primaverando. O mês de leoninos feroses, esses que vão dominar omundo. O mês das férias indeterminadas. O mês das surpresas e das mudanças. é o mês de durmir no sofá sem medo de ser feliz. o m ês de queimar papéis e arquivos. de matar que não morreu, ou que n ãomor reu o bastante.

Assim como os ipês amarelos da cidade, estou fazendo primavera.