quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vem, pode entrar.

Bom dia, cortador de grama. Abri os olhos e o sol não veio, só o som. Perturbador, insistente e atrevido de grama tosada. Alguns pássaros sorriam com gargantas gasguitas enquanto outros cantavam um bom dia pra você também. Poderia ter chovido mas era só atrevimento. A gente sempre pode, deve, esperar menos do clima. Nunca é o que queremos. Nunca estamos satisfeitos com as condições atuais, em nenhuma ocasião. Está calor demais mas poderia estar frio. Está frio demais mas poderia estar calor. Chove muito mas poderia estar fazendo sol. Poderia estar no horário de verão para assistir o Jornal Nacional à tarde, mas só tinha novela ruim. Eu poderia dormir até tarde mas quando acordo me sinto mal. Poderia acordar cedo mas passo mal ao tomar café. Os tempos mudam, os hábitos alimentares, os ventos e os sentimentos.Mas os conselhos, ah, esses são sempre os mesmos. Só muda o orador da frase e a frase do dia é: organizar a casa interior pro vento bom, e afins, poderem entrar.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

impossível competir com o fim de semana.

Prefiro escrever na tela do que na janela. 

O conto da galinha a menos.

Sonhei que no galinheiro tinha uma galinha a menos e escrevi um conto, o da galinha a menos. Eram várias, iguais como galinhas, mas tinha uma faltando. Não como galinhas ela disse. Como não? E como é que falta uma galinha? Foi bem o porco, ele disse. Aquele que vem do mato, acrescentou. 1, 2, 3...(seguiu contando)...27...viu! Tá vendo? Tá faltando uma galinha e vocês vão ter que dar conta dessa galinha. Mas o senhor acabou de contar, tio. Até parece que não é acreana essa menina velha. 8 anos, tá? Grandes merdas. Cadê, não vai aparecer não quem deu sumiço na minha galinha? Silencio na fazenda. Ouvia-se o piscar dos olhos e só. Póooh (abafado). 135mg/l de adrenalina correu nas veias de cada um dos que olhavam e se perguntavam: Cadê a porra dessa galinha, Jesus. Ele saiu farejando que nem cachorro, vira-lata mas tem seu valor, os cantos da casinha de paxiúba, onde eles guardavam o milho, o tal de paiol. Pior é que vocês acham que me fazem de besta, né não? Deixa estar que eu vou achar essa galinha e depois quero ver quem vai contar essa história.

Quero ver quem é que vai contar essa história.
Quero ver quem é que vai contar essa história.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

tem dias que a noite tem lua

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Bala de troco. Que coisa triste.

Tão vazio como meu estômago ao meio dia. Tão profundo como último livro lido- de colorir-.Tão nutritivo como o sanduíche noturno que faz você se revirar, arrotar e ter pesadelos pesados. Tão inspirado quanto aqueles que aspiram. Ai, esses que me rodeiam. Fazem esse mundo girar do lado avesso. De dentro pra fora como uma dor antes de começar a ser sentida. Como um pássaro pousando antes de nem ao menos ter voado. Essas ruas recém-pintadas que mudam de rumo como se muda de roupa e/ou de companhia. Esses semáforos que incitam o ódio e a paciência necessária do dia a dia. Esses desvios involuntários por ruas (re) conhecidas. É a minha última saída. A única placa que me guia é o orgulho que me salva. Mas é muito pouco. ´
É pouco demais. Não cabe na mão. Não enche uma colher. Nem um conta gotas dá conta de contar. Mas eu conto por que teimosia e persistência, e não insistência, me são inerentes. Sou leonina, porra. De nada me vale sem se valer a pena. De nada vale a pena senão o pássaro. De nada vale o cavalo senão os dentes. Nada a ver isso aí, viu.  Dou valor a cada centavo e há quem chame isso de mesquinharia. Mas quem irá me poupar senão eu mesma? Aprende, filha, não espere do outro aquilo que ele não pode te dar. Não se contente com balas escusas.
-Mas eu só queria meu troco.

sábado, 10 de setembro de 2011

polishop

Ficarei, plenamente, feliz quando anunciarem, finalmente, que o incrível Apagador de Memórias Turbo está à venda e pode ser parcelado em até 12 vezes no cartão de crédito. Sem juros. Afinal, deve custar mais caro do que mantê-las vivas durante todos os dias de nossas vidas, alimentando-as, fazendo crescer, se reproduzir, dormir e nunca, (nunca!) morrer.

*E não é só isso! Compre agora e leve junto, inteiramente grátis, um GPS de última geração e uma poronga velha, pra poder procurar as memórias que mais o incomodam. E tem mais! Diga que estava assistindo ao programa e leve de brinde um reconstrutor de personalidade e um modelador de caráter. Você vai precisar deles depois que deletar algumas memórias que você achava que estava cansado de segurar, quando, na verdade, elas é que sustentavam você.

*Contribuição valiosa de Curumim

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

vinha insinuando presença.
ia fingindo nobreza.