segunda-feira, 29 de junho de 2009

dos meus verbos pontuais

agora sim eu posso me livrar do arco-íris,
do relógio, da blusa, daquela caixa cheia de coisas,
de ventos, de cheiros, de guardanapos rabiscados com azeite,
e bebidas cevadas fedidas e verdes,
de segredos inconfessáveis,
não por mim, por eles,
e do quebra-cabeça que fiquei de te deixar na porta de casa,
eu virgulo.

posso me livrar enfim daquele grampo de cabelo.
achado por acaso no chão do meu chão.
da arte de enganar. que dias e dias foram nossos chãos.
nossos. fingido normal.
sim coletivo. plural. ésse no final.
péga. é de presente.
ela no fim e eu no começo.
ou seria do contrário. o avesso?
eu pontuo.

me lembro bem daquela música que diz em sons menores.... que dor é maior...
não é tua voz que canta... não precisa...as notas que me notam... me tocam...
com mãos e membros limpos....fluídos correntes e límpidos...

lembro daquele acorde maior...acorda faz sol....
te levo pra praia e te faço sorrir sem dó...
te balanço no colo, te mostro em aquários...
peixes estranhos a sorrir e festejar arpejos trasparentes...

debaixo daquele guarda chuva colorido...
cor sim cornão...sorriso amarelo mostarda...
acende um incenso com cheiro de patuá, pra disfarçar...
debaixo da camisa uma flor com espinhos...
agudos e bonitos...me espera na porta do cemitério...
que te vejo chegar...

eu pratico o verbo reticentiar

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