E o que resta
é quase nada
do pouco
que sobrou no fim
sou metade
já é meio tarde
pra não deixar
de dizer que sim
sou partes dos outros
sou toda minha
pelas esquinas e cozinhas
hão de haver sílabas
de lábios leporinos
bocas de dentes maltratados
ou má formados, de natureza
metades mal contadas
ao bel prazer
facas com pontas afiadas
só pra quem quizer ver
mas o que ninguém sabe
o que só eu sei
que a outra metade
foi catada aos pedaços por aí
montada em papel celofane
e pregada em paredes
aos pregos enferrujados
ninguém sabe que
o que resta além do fim
só se descobre
quando se chega lá.
Muitas
Há 4 anos
Um comentário:
Se eu tivesse lido a poesia sem ler o título da mesma, a chamaria de "Morte".
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