sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Testículos

É uma batalha constante. Guerras homéricas. Sangue. Fluidos corporais. Cheiros putrefatos. Verde cor de lodo.Vermelho cor de sangue. Azul cor de céu. Escuro cor de chuva. Amarelo cor de lua cheia. Cinza cor de janela agora, porque de dia é marrom desbotado pela própria chuva cor escura, que é escura só de noite. De dia é azul claro. Azul claro da cor do céu de dia quando não tem nem sinal de chuva. No céu de dia, a nuvem branca passa a ser azul escuro de novo assim que no relógio dá-se meia volta inteira e não meia. E no azuleijo branco, que reflete a luz que a cor não tem nome, vejo formas projetadas. Tudo questão de física. Ótica. Óbvio que a mente não pára. Mesmo sem a luz artificial que liga no botão, a luz da cor que não tem nome não se apaga. Até que se feche a cortina. Até que o sol se aborreça e apareça. Nunca pára.

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Os olhos que miram o mundo, enxergam a vida lá fora sem o mim. As pessoas vivendo suas vidas, sem o mim. Nada muda. Todos os processos, biológicos verdes, continuam a funcionar. Telefones continuam a tocar. Cervejas continuam sendo bebidas. Palavras continuam sendo proferidas, faladas, vomitadas, sussurradas, reveladas e seduzidas.

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Fora da minha vida! Fora! Sai de mim fantasma branco. Sai de mim cruz que me assusta. Sai de mim pesadelo de noites verdes. Sai de mim demônio bonito e cheiroso. Te abomino e exorciso da minha vida. Se o teu mal tem cura, por que te afliges? Se o teu mal não tem cura, por que te aflinges?Espadas, balas, facas e machados. Em um tintilhar ensurdecedor de metal atritado. Ferrugem. Cólera. Lepra. Dengue. Degeneração progressiva. Hemorragia sem fim. Pupila sem cor. Cravos. Ataúde. E não, não tem lágrima nenhuma.
*

Um comentário:

dissonante disse...

Entrei aqui e lembrei de Alice Ruiz, que bem disse assim:
só para saber
se você ia
ou vinha
quando deixou
esse bagaço
no meu peito
pedaço estreito
defeito na mercadoria
do jeito que você queria
Gostei de texto e do ímpeto.