quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

na ressaca de um mojito só.

havia uma senhora, jovem senhora, mais jovem que a velhas senhoras. jovem de corpo, mas nem tanto, mas velha de espírito que, depois de muito pensar, resolveu tentar se divertir. Para onde ir, pensou trezentos e sessenta e seis vezes, mas só por que tem dificuldade de pronunciar palavras com esses. Pra ver se enquanto soletrava os números, a vontade de se divertir passava, contava vigas de madeira no teto.. Não passou. Saiu e trancou a porta, o cadeado, a tranca, a grade e outra portinha enferrujada. Ao por o pé na calçada molhou o dedinho direito numa poça e pensou mais uma vez em não sair para se divertir. Mesmo assim, com o dedinho contagiando os outros dedos, (por que agua é altamente contagiosa) que começavam a escorregar dentro da sandalhinha acolchoada, andou pra frente. Andou, andou e claro, paquerou e flertou árvores e flores. Disse nomes e sobrenomes das plantas num latim quase que perfeito. Abricó-de-macaco, falou alto. Amor perfeito, sorriu com um dente só.

domingo, 12 de dezembro de 2010

estive
me
procurando
mas

achei
você.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Do dia que te vi na rua

Te vi na rua. Mudei de caminho. Talvez tivesse sido melhor mudar o pensamento pra evitar aquela velha história que começa pelo fitar dos olhos, vem gelando os sinos, as orelhas, a boca começa a ficar seca e ao mesmo tempo os joelhos começam a tremer e ela, claro, sempre, anuncia sua volta triunfante, com toda acidez e amargor possível para alguns metros de estômago.

Teria sido melhor se eu ao invés de desviar o olhar, desviasse o carro e batesse na primeira latrina, no primeiro poste que estivesse pela frente. Aí sim eu teria motivos para sentir dor. Enganaria meu cérebro, deslocaria as sinapses para a testa batida no volante, ou pra perna amassada pelas ferragens, ou para as orelhas atingidas pelos estilhaços do vidro. Aí sim eu teria motivo para doer à vontade e deixaria minha gastrite quieta pra sempre.

Se eu tivesse escolhido outro caminho, aquele que costumo ir... Mas não, logo hoje decidi fazer um percurso desconhecido só por que ouvi dizer que faz bem para o cérebro. Exercita. Deixa inteligente. Mas eu não quero ser inteligente. Quero só ser eu e em toda a miudeza dos pequenos grandes detalhes e defeitos pré-moldados.

Talvez eu devesse ter saído de bicicleta, mas o pneu dela está sempre murcho. Sempre, sempre, por mais que eu insista em deixá-lo apto para a minha próxima volta. Pensando bem, se eu tivesse saído de bicicleta também tinha te encontrado. Você está em todos os lugares. Nos orelhões, nas calçadas, nas vidraças, nas costas de meninos e homenzinhos em puberdade. Nas camisetas da Hering, nas cores que vejo pelas vitrines. Não adianta eu desviar o caminho. Sempre vai ter um quiosque que vende cachorro quente, sorvete, pipoca doce, pizza, sushi... que você gosta, assim como eu, de coisas que engordam. Pois é, somos dois falsos magros com cérebros gordos, mas eu só queria ser inteligente. É eu sei que disse que não queria ser, mas na verdade, no fundo mesmo, eu queria. Queria poder assistir filmes e ouvir músicas sem conectá-los aos meus sentimentos - olha a pretensão- como se os autores tivessem feito aquilo que vejo e ouço só pra mim. Sou burra, eu sei. Mas todo mundo acha que o que serve como carapuça, foi feito por encomenda.

Eu te vi na rua mas não desviei. Passei por cima e você nem me viu.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

toma vida, agora sou toda sua.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

na plena flacidez dos meus antebraços, olho a face de uma senhora que passa na rua, a balançar pelancas, e vejo meu destino claro amórfico diante das pálpebras escurecidas por maquiagens de má qualidade.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Das bobagens sinceras

Também me vejo com os mesmos olhos que vejo os outros ao falarem insanidades e coisas estúpidas. Estúpido é forte demais, bobas melhor dizendo. Insanidades sinceras, reconheço. Por que elas vem de forma natural, do coração, sem nenhum outro motivo além do de quererem ser valorizadas. É aquela falta de jeito que se tem para fazer entender esses pensamentos que borbulham, dão voltas e saltos acrobáticos, giram, desviam as portas do bom senso e da sensatez dentro de nossas mentes. Essa tentativa de fazer parte, de interagir, de parecer inteligente, mesmo que muitas vezes não seja tão verdadeiro, que as fazem insanidades dignas de respeito.

O resultado se reflete naquela gargalhada fora de hora ou mesmo pela demora para cessar a mesma, cuja hora já passou faz tempo. Se reflete no rubor das têmporas e no miúdo dos olhos que não encontram direção confortável para assumir o desconforto que é proferir coisas sem sentido - aparente - e persistir tentando consertar o que não há conserto. Assim como as mãos que procuram buracos, adjacências, dobras de pernas, frestas, etiquetas, unhas, cutículas e caminhos para se esconder. Parece que quando escondemos a mão, a vergonha passa e nos sentimos mais confortáveis. Vai entender.

Sempre que sai no meio de uma conversa sobre política ou 'atualidades':" É verdade que a ponte aérea Rio- São paulo é uma ponte mesmo?" ou "Vocês conhecem aquela raça de cachorro que tem a língua azul? Pois é, meu avô tinha um", ou até mesmo informações detalhadas sobre a vida e obra da iguana chamada Iana, eu, apesar do desconforto, sinto um certo carinho e comoção pelo silêncio manifestado pelas bocas ouvintes e pelos prováveis pensamentos desrespeitosos concernentes ao autor das pérolas bobas, mas sinceras. Por que em muitas vezes estive do outro lado e pra falar a verdade, tenho estado de vez em quando. Só que a diferença, que não sei se é compartilhada com outros insanobobos, é que percebo quando a merda é grande, a estupidez é colossal e totalmente inaquada para a situação, que começo a enumerar xingamentos e humilhações para mim mesma, ensaio fugas históricas por baldrames de banheiros, frestas de portas, buracos de tijolos, quer dizer, isso quando eu era magra. Hoje em dia as fugas são mais modernas como a abertura do telhado ao encontro do céu e eu agarrada a um cabo de aço sendo suspendida por um helicóptero, jogar um pó no chão que me faça desaparecer sem deixar rastros ou mesmo voltar no tempo, apagar a memória recente do ouvintes e os fazer esquecer do constrangimento causado.

Cada um tem sua técnica e depois de fugir com um helicóptero ou pela janelinha do banheiro, a tensão passa e temos a chance de tentar falar algo ou permanecer calados sem que haja a necessidade de gastar neurônios imaginando fugas, que vamos combinar, cansam só de pensar e ando tão sedentária, sabe?

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

acordei sentindo-me arvorosa.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Não acredite em mim. Eu deixei de me acreditar faz tempo.

sábado, 16 de outubro de 2010

Avia

Ela me via de longe com olhos de desprezo, reprovação, pena talvez. Me via aos prantos nos barrancos das calçadas destruidas por carros bêbados. Calçadas batidas, palco da última apresentação daquele teatro da vida. Ela me via. Ela me via, me observava e imagino eu, que sorria. Há um certo prazer nos olhos dos que vêem pavor e sofrimento n'outro ser, mesmo que esses olhos já tenham passado por cousas piores, ou mesmo, estivessem no lugar do mirante. Piedade custa caro pra quem já teve que pagar muito. Era noite, ou dia, não se sabia. O céu estava cinza como aqueles que a gente olha e não sabe se o claro é do sol ou da lua. Ela,a lua, preferiu se esconder diante de tamanha comoção com a moça que se esfalecia pelo chão. O céu chorava junto, tristemente, lágrima por lágrima, gota por gota. Não no mesmo ritmo, mas na mesma harmonia: Dó maior. Era a última noite. O último choro. A última gastrite. O último, não, talvez não, absurdo. Absurdo eram aqueles gatos, que também só olhavam e não diziam nada. - Porra, gato, faz alguma coisa nessa merda. Vai ficar aí só olhando?
Olhavam ela, o gato, e o vizinho curioso por cima dos muros, que há de se dizer, por aqui são baixos. Olhavam e esperavam eu me levantar. Veio uma formiga, depois um sapo passou pulando, tão alegre e satisfeito com a chuva que nem se deu conta do que se passava na sua passagem. Tive um arrepio, como sempre, mas não consegui demonstrar reação. Poderia ter feito alguma coisa, mas não fiz. É um perigo existir hoje em dia, coexistir, ainda mais. Enquanto rasgava as costas escorada na coluna que sustentava a cobertura, contava carneirinhos esperando a dor passar, que nem se faz quando o sono não vem. Contei milhares até que eles começaram a se transformar em outros animais. Alguns não tinham nome mas iam ganhando forma no céu que ficava cada vez mais com tons alaranjados. Não sei por que, mas laranja me lembra verão e aquela noite bem que poderia ser um verão, um início de um ano novo, ou sei lá, apenas um dia qualquer. E pensando bem, hoje em dia foi.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

É deselegante apagar dedicatórias de livros?

domingo, 10 de outubro de 2010

Diálogos

- Eu tenho um carro importado - um não, dois - uma mansão em bairro nobre, um flat na praia, um cartão de crédito sem limites, um jet ski, um zoológico particular, um campo de futebol, ações na petrobrás, uma loja em paris...

- Eu tenho um frigorífico de aves.

- Já eu tenho uma árvore, um caderninho de anotações e um saco de pipoca doce.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sinta, mas sinta mesmo, a energia da indiferença vinda dos meus ovários.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Menos ficção.
Mais vida.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

a textura das minhas mãos tem acompanhado meu estado de espírito.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Resuma-se: - Aqui. Pega. Tuas coisas.

domingo, 26 de setembro de 2010

Do lado do soutien que cabia mais peito, cabiam também sentimentos que muitas vezes precisariam ser guardados nos olhos, para que não tivessem de ser materializados. As pessoas roubam aquilo que não tem título de propriedade. Vejam só os índios! O uso capião virou velhaco, mas ainda cheio de dentes. O meu? rosna de vez em quando.

quantos dos meus cabelos crescem em um mês?
me perguntei ao perceber que me sinto brega, mas às vezes, relevo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

tão poético quanto você roendo suas unhas dos pés.

o que fazer com a saudade trazida na mochila?

Sobre vassouras e cavalos

Sinto saudades dos meu ossos, da minha solidez e do meu humor de verão. Aqueles que a gente amanhecia, eu, tu e os sóis ventilados, bem cedo pra poder sair e caminhar sob as areias quentes, também de verão. É aquela felicidade que a gente não sabe como se foi, pode ter ido com o mar, com o vento, com o rio ou com o sorriso que ficou calado esperando alguém terminar de falar pra dar o último suspiro ou dizer simplesmente: é. E é como se fosse mesmo, mas sem vontade de voltar. Sei lá o por que dessas coisas que essas linhas imaginárias acabam guiando nossas vidas. Só sei que acredito nelas, independente de quais nomes possam elas ter.

Estive em vários lugares ao mesmo tempo, em um deles chegou um menino, nos altos de seus 10 anos, de cabeça baixa, e ao olhar pra cima, pra mim, sentada tomando uma água mineral com gosto de sal, percebi que ele tinha vasourinhas nos olhos. Cada palavra era uma vassourada naqueles olhos redondos, como todos são, mas eram profundos e queriam me dizer muitas coisas. Muitas delas eu consegui entender, muitas outras não. Olhar de criança é matador. Fiquei lembrando das vassourinhas por dias, semanas, meses. Ele dizia algo sobre uns cavalos que tinham fugido da fazenda onde seu pai trabalhava. Que eram lindos e muito especiais. Um deles era preto e usava luvas brancas. Perguntei: Usam luvas brancas? Ele respondeu que sim, como se não fosse nenhum absurdo um cavalo usar luvas. Ele brincava com uma folinha seca desenhando caminhos pelo chão. Se dizia triste por ter que ir atrás dos cavalos: Eles correm muito, estou cansado de correr. Eu disse, fica aqui um pouco, puxei assunto sobre a sua familia, mas ele só falava dos cavalos. Disse também que se fosse um cavalo, valeria muito mais que um. -Acho que eu valeria um milhão de reais. Perguntei o por que de ser tão valioso, e ele respondeu: - Eu corro bastante, não nego corrida não, sou leal aos meus pais e amigos, raramente fico nervoso e, olha só o que eu tenho - levantou a blusa de manga comprida e me mostrou as mãos - tenho luvas brancas. Meus olhos se enxeram de lágrimas. Aquilo tinha sido uma das coisas mais bonitas que eu já tinha ouvido. Ele tinha problema de pele, esta estava sempre coberta. De repente ele levanta em um pinote e sai correndo e quando percebi vi um cavalo marrom, brilhante, forte com as patas brancas, também correndo pelo pasto.

-Pareciam luvas mesmo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

se o medo da culpa passou, nada mais impede essa consciência imunda.

tenho mentido pouco.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

dentre árvores e rostos,
os nomes sei de poucos.

cometi pecados crocantes

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Menina, macaco e cara de sirigüela

Ela não tinha nada além de uns trapinhos. Um punhado de calcinhas, um vestido rosa, outro florido e um macacão jeans. No ombro esquerdo carregava um macaco, daqueles salientes, que roubara da floresta que existiu ali há tempos. Já tinha perdido dois soldados que cuidavam do portão de entrada e ela parecia não se importar por ter ouvido dizer que era só tomar um copo de leite todo os dias que eles iam voltando, crescendo devagar, dia após dia.


Hoje, tomou um gole de suco de sirigüela e fez a mesma cara da fruta. Engoliu junto com o choro que vinha regar as vassourinhas que cobriam seus olhos, marejados do rio à frente, marrons como a casca do coquinho que descascava e deixava seus dedos alaranjados. Era simples como um sorriso observar aqueles peixes sendo sequestrados de seus lares. Era comum. Não se fazem corações como antes, ela dizia com um certo tom de soberba, ou nobreza imaginária, de pensar que no alto de seus cabelos negros, cortados à cuia, alguma vã filosofia distante poderia guiar seus passos descalços pelo chão barrento, chão sem grama, sem folha sem flor.


Veio uma formiga e picou seu dedinho deformado pelas formas que as quinas dos móveis, árvores e esquinas os dão. Quase não sabia de palavrões, mas saiu um abestada, tão natural quanto qualquer outra coisa natural. Não gostava de fazer comparações. Eu, de vez em quando. Pra medir o grau de proficiência da coisa. Mesmo que eu nem saiba o que isso significa, de vez em quando, faz-se o uso do dicionário e alimenta-se o próprio. Muito mais confiável, por que realmente descreve o sentimento de cada palavra. Em breve, nas livrarias mais próximas da saída de emergência.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Das minhas letras e dos livros de português - que foram apostilas.

Me escrevo por necessidade, não por vaidade ou por esperar algo além de ver minhas palavras, meus erros de português nessa telinha, com essa fonte que desgosto um pouco, mas que não diminui meu prazer. Com essa justificação quadrada, parecendo ter saido de dentro de uma caixa. Não deixa de ser, mas minha caixa é meio ovalda. Com esse layout pobrinho, sem muitas cores, diferente das que vejo no meu mundo. Prazer esse comparado a ver um quadro na parede do corredor, onde muitas pessoas podem vê-lo, ou só você e mais dois ou três. Ou cinco.


É prepotência demais achar que textos sem nexo, poesias pobres e cheias de coisas azedas possam conquistar leitores assíduos, fãs, admiradores secretos e até desejos sexuais. O mundo já é feio e estranho demais, pra alguns. Aquele contador é fictício. Foi geneticamente manipulado. Escrevo por ter a caligrafia extremamente horrível. Da minha assimetria corporal, deve haver alguma influência na mão direita, pois essa parece ser, anatomicamente, despreparada para escrita. As aulas de português, literatura e redação eram uma tortura. Tanto pra mim quanto para os professores. Eu sei, poderia ter sido corrigido na infância. Não vou culpar a Tia Luzia por não ter me obrigado a dar a volta ao mundo com alfabetos manuscritos. Talvez fosse pra ser assim. Letra feia e pensamentos idem não são pra qualquer um.


Engraçado que nas disciplinas que eu mais tinha dificuldade de me expressar grafísticamente, eram justamente as que eu mais gostava. Sempre li todos os livros paradidáticos do ensino médio, fundamental e até pra fazer o vestibular, onde muitos acabavam por cascavulhar resumos, palavras e sentidos mastigados dos mesmos. Decorava as regras gramaticais para corrigir os amigos. Coisa chata, eu sei, mas eu fazia.


Hoje em dia, não é mais assim. Sempre fui simpatizante da lei do uso e desuso de Lamark. Aconteceu comigo e com os livros de português - que por um tempo foram apostilas positivas. Deve acontecer com outras coisas também. Quando se para praticar uma coisa, aquilo vai ficando para trás. Ou seja, quem não pratica, o rabo espixa.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

não é por nada não, mas envelhecer dá trabalho.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

do lado esquerdo

Essa noite nção consegui dormir. acordei várias vezes durante a noite e senti também, muit agenyte entrando e saindo, fanedo barulho. pareciam ser minhas coias suins que etsvam sendo levadas peloa notq eu passou. cada um pegava um punhado, e saia de mão cheia. p-oderiam ser outras coisas, senão mosquitos. Trocar de idade é trocar de pele. É um novo ano que começa do mês mais gostoso d ano. Agosto, diferente dp qe é pra muitos, é um mês delicioso. Só que o gosto é dequem fz, a gosto do freguyês. quwerendo que ele seja amargo, assim ele será. O meu sempre foi e sempre será o mês d eipês primaverando. O mês de leoninos feroses, esses que vão dominar omundo. O mês das férias indeterminadas. O mês das surpresas e das mudanças. é o mês de durmir no sofá sem medo de ser feliz. o m ês de queimar papéis e arquivos. de matar que não morreu, ou que n ãomor reu o bastante.

Assim como os ipês amarelos da cidade, estou fazendo primavera.

sábado, 31 de julho de 2010

Das pontas duplas 1#

Estivemos pensando, eu, meu eu lírico e minhas pontas duplas, o quão bom é estar do outro lado. Do outro lado, se tem olhos diferentes. Se tem emoções e comportamentos distintos. Bom seria se eu soubesse que era tão bom estar do lado de lá, onde fala-se o que quer, onde inferniza-se quem pode. Coisa boa é não ter nada preso na quina na porta. Coisa boa é poder falar de boca cheia: quem tem com que me pagar, nada me deve.

Das pontas duplas 2#

Estive olhando pra ver se te encontrava pelo meio dos vazios das sombras que se faziam pessoas. Não te encontrei. Queria te ouvir dizer que sou seu orgulho, que meu cabelo fica legal naquela luz ou que sei lá, estou diferente, que queria fazer coisas que eu faço, como dizia quando não tinhamos problemas em usar roupas iguais. Mas você não estava lá e a minha agonia é tanta, que te vejo travestida de desconhecidas. Com cabelos e cores parecidas. Com aqueles olhos que vezes me matavam por dentro, mas sendo quem sou, quase ninguém sabia. Só nós. Eu, meu eu lírico e minhas pontas duplas. Eram luzes e mais luzes e eu tendo dificuldade de escolher uma só que me agradasse mais. Eram vozes e vozes, mas nenhuma parecida com a sua. Nenhuma parecida com a minha. Ficou um buraco que, de vez em quando preencho, pra que elas- as aranhas- não tomem conta. Por que com o tempo, as coisas tem que ser diferentes. Não é opção. É obrigação. Vamos cortar os cabelos juntas?

quarta-feira, 28 de julho de 2010

que tal morrer
um pedacinho por mês?

domingo, 25 de julho de 2010

Tinha problemas conjugais.

Ainda conjugava o verbo na primeira pessoa do plural.

doce

na sua boca sou doce dos mais doces, dos exóticos, dos sem nome, dos sem patente, de tubérculo ou de país. sou doce na sua boca e sinto felicidades coloridas.

Aqui não chove mais.

Olhou pro céu e disse: Vai chover. Olhou pro chão e disseram, alguém disse, por aqui já chove. Ouviu-se outra voz resmungando: Por aqui chovem-se sempre. Motivos tem de fazer lama. Mas de que adianta tanta vontade dessas que molham se o motivo é o que se escolhe? A gente escolhe o que é bom pra gente e pra animal também. Só escolhe o que é ruim quem não sabe bem quem o é. Há os que gostam de emoções molhadas, sejam elas quais forem. Eu não reprimo. Agora, por favor, não me venha chover no meu quintal. Aqui é lugar de coisa feliz, de mãos, de cheiros, sorrisos de flores vermelhas, azuis e amareladas, onde eu mesmo chovo, à minha medida. Não me venha com essas janelas marejadas por que meu óleo de peroba acabou faz tempo. E de madeira podre eu entendo. Troquei minha cerca por um muro de pedras, pra não correr nenhum risco. Troquei meu pé de laranjeira por uma casa de abelhas, que me dão dos mais gostosos méis. Das tempestades da primavera tardia, guardei um copo quebrado e só. Por que o vento leva essas nuvens carregadas de energia negra. Por que o tempo, franzino, nanico, vem, lambe e cicatriza esses augúrios sem cor. Essa nuvem não vem daqui. Aqui não se chove mais. Comprei uma capa de chuva.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

aprendi que contos não precisam fazer sentido para serem sentidos.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dos herros de portuges

Não quero livrar-me dos erros de português. Tenho apego. Gosto muito dos meus.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Nunca julgue ninguém pelas unhas que têm.

do descontrole pipocal

Sou daquelas pessoas que se descontrolam com um saco de pipoca doce (ou serei a única?). Não dá pra comer devagar, nem pouco. O negócio é colocar o quanto couber na boca e nunca, mas nunca, deixá-la vazia. Por que boca vazia é casa do diabo, já dizem. E enquanto ele estiver por aqui, junto ao tártaro, cáries e bactérias derivadas, venenos e anticorpos, coagulantes e antígenos, a casa será colorida com anilina. Por que nem de todo preto é feita a dor dos descoloridos.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

quero uma janela que escorra água da chuva,
quando esta resolver aparecer pelas bandas daqui.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

D'o comedor

Oi, não tenho amigos. É, pode parecer triste, mas de vez em quando é bom. Tenho certos problemas com relações íntimas pois elas se partem, se morrem, se despedaçam, também, literalmente. Prefiro a distância, que me faz forte, destemido, me mantém anônimo pra comer quem e o que eu quiser. Sou comilão, muitos dizem que sou guloso, mas sei lá, me acho apenas uma pessoa apaixonada pelas pessoas, e quando digo pessoas, digo partes, pedaços e por inteiro. Como num açougue. Escolho a parte que me cabe, que fica bem em mim e como.


Procuro fazer amigos apenas por um objetivo: comê-los. E a escolha é sempre feita seguindo sempre os mesmos critérios: influência. As vezes os amigos dos amigos, me parecem interessantes. Quero ser que nem eles, mas não posso. Quero enxergar que nem eles, mas não tenho olhos. Quero sentir como eles sentem, mas não tenho apenas um sentimento. Me perco dentre os vários que permeiam dentro de mim, que acabei roubando, ingerindo por outros intestinos delgados.


Tem amigos meus, os considerados de coração, sabe?, que eu começo comendo pelos dedos. São aqueles que escrevem bem, que falam verdades, mentiras, alucinações, ou mesmo textos e textos de auto-ajuda. Adoro quem se auto ajuda. Acho tão bonito. Vou lá e como. Como tudinho, cada partezinha das falanges magras. Mas nunca comi uma mão gordinha. Gosto das unhas também, das mulheres claro. Principalmente daquelas pintadas de vermelho. Vermelho me lembra sangue, que me lembra morte - adoro morrer- que me lembra comida.


Já comi olhos. Das mais diversas cores, formatos e sabores. Comi alguns aromatizados e coloridos artificialmente. Foi normal. Comi cérebros, mas ainda não comi o bastante, não me tornei inteligente e a cada dia que passa, está ficando mais difícil. Já comi corações de gente não muito boa, é dificil encontrar um que preste. Prefiro o de galinha. Comi bocas, à força, claro. É difícil convencer alguém se aproximar de mim sem ter uma boa desculpa. Nada melhor que a obrigação pra me livrar da repulsa.


Já comi cada coisa que é melhor nem comentar. Hoje em dia, sou um cara que come, mas come por orgulho. Sou daqueles que acha que não há mal em querer as coisas dos outros pra si. Afinal, a vida é um desejo só. Ter amigos perto de mim, mesmo que o perto seja dentro, é o que eu quero. Se não quiser ser meu amigo, te como. Simples assim.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

o céu não é grande. grande sou eu.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Depois tudo vira uva.

É sempre assim. No começo o choro é diário, todos os dias, durante o dia todo. No dia seguinte, também. No outro, também. Depois desse outro, diminui um pouco. O choro só vem quando a lembrança vem também. Mais alguns dias e assim, um pouquinho no travesseiro, outro tantinho no banheiro, outro tantinho na cozinha preparando um pão com manteiga, outro tantinho dirigindo e quando na rádio toca aquela música: mais um poucão. Depois de alguns meses, tudo isso vira raiva que se transforma e dor no estômago, acompanhado de gastrite, acidez, suco de limão. Depois disso tudo, vira uva.

domingo, 13 de junho de 2010

Do vazio de luz

na beleza melosa de tecas tristonhas, vejo o chão, abaixo e ao mesmo tempo, dentro de todos. pedaços secos de vidas vazias de luz.

no vento ensolarado das ruas, vejo cérebros, acima e ao mesmo tempo, dentro de alguns. pedaços murchos de vidas vazias de luz.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

No recomeço de muitas coisas, vezes começa de ré, vezes começa de frente, vezes começa de olhos fechados pelo medo de segurar a mão e dela não ser segurada. O medo da reciprocidade e sua inversa proporcionalidade é o que impede que as pessoas avancem pra frente. Só, mas pra frente.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O problema de ter um ídolo é você querer ser que nem ele. E nem sempre escolhemos bons ídolos para ser. Nunca fale em voz alta sobre.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Da aleatoriedade e do destino se faz uma grande e insignificante tragédia pessoal

Antes tarde do que nunca se aplicaria, mas resolvemos escolher quem cedo madruga, deus ajuda. Era cedo, o sol nem tinha acordado ainda e as nuvens faziam festa sobre nossas cabeças. A cidade estava de ressaca, do mega show de um cantor baiano qualquer, cuja voz não saia da minha cabeça, por um motivo simples: passou a noite toda cantando no meu ouvido enquanto eu tentava dormir. Seria uma péssima idéia escolher um hotel em frente à uma casa de shows, mas o hotel era o melhor da cidade. No pain, no gain.


Logo na saída, aquele veículo automotor que nos conduziria ao nosso tão desejado lar, doce, limpo, lar, deu sinal de que não estava muito bem aquela manhã. Tossiu, reclamou, rangeu engrenagens, faltou bater o pé no chão e dizer: Não vou. O motorista, trocou 6 por 1/2. E nós tivemos que trocar de carro. Cada um com suas coisas nas costas, nas mãos e nos braços, procurou se acomodar da melhor maneira possível, mesmo que isso não seja algo tão literal.


A poltrona era de couro. Daqueles que ninguém nunca, nunca, mas nunca limpa na vida. Foi cinza na juventude, hoje tinha cor de café com leite. Mais café que leite. Tentei tirar da minha cabeça a idéia de cabeças, braços e pernas suadas e seus vestígios enquanto eu sentava ali, sem a oportunidade de reclamar, pois para quem tem pouco dinheiro e falha na hora de fazer orçamentos, eu não tinha alternativa mais barata que essa. Barato, que saiu caro, diga-se de passagem interestadual. Procurei também não reparar que o lugar de se colocar bagagem de mão, acima de nossas cabeças estava sendo equilibrado por algumas barras de ferro, pensas, tortas, desajustadas e havia um rombo, isso mesmo, um rombo no teto que dava pra ver o céu. E não não me refiro à janela de ventilação.

Havia uma criança a escorrer catarros, uma senhora de saia florida, um rapaz com uma calça jeans justa e um cinto com fivela de cavalo, um homem sujo de graxa, com cara de mecânico, uma moça que fingia ler uma apostila xerocada, outra criança pra lá e pra cá no minúsculo espaço entre as cadeiras, uma mulher com peitos a saltar da blusa, havia um nariz, um bigode, e por tras dele, um homem. Todos tinham os sovacos suados.

Eram máquinas, tratores, homens sujos, suados e homens dentro de cabines com ar -condicionado. Todos a atrapalhar o trânsito de pessoas que esperavam ansiosamente o fim de uma obra de dez anos que iria transformar 220 km de barro (e todos os estados físicos da matéria), buracos, ondulações, crateras e aventuras em 2 horas de viagem linear, quase inaudível, talvez agradável. Já esteve mais longe, diziam. É, concordei, já esteve.

Alguns quilômetros depois de constatações saudosas, revoltadas, percepções alheias ao clima, o formato da copa das árvores que insistiam em existir no vasto campo dominado por eles, os donos do pedaço, bois, nada sagrados e por muitos odiados ou desejados, algumas unhas e cutículas pestiscadas, algumas, na verdade três tosses profundas, um pastel de carne, alguns goles de água- poucos por que do jeito que as coisas iam, eu morreria com a bexiga na cara, mas não chegaríamos à um banheiro antes de uma tragédia molhada- alguns choros sem graça, como todos os choros infantis costumam ser, algumas conversas inocentemente ouvidas sobre como o trabalho anda difícil, as coisas caras, confissões de mulheres infiéis que não suportavam ter que engolir suas mentiras e nem de seus companheiros, que ainda mesmo, ao voltar para casa depois de um dia todo de trabalho, não importando qual tipo de trabalho tenha sido, os recebiam, eles os companheiros homens, com aquele sorriso, muitos sem dentes, mas com cáries, ah sim, cáries, e tinham um prato de arroz com farinha e um pingado de peixe. E um pouco de amor, claro, por que é isso que as mulheres fazem: perdoam. O ônibus dá uma parada brusca. O sol, à pinotes no céu, bombando raios solares e vento que é bom, nada. O motorista, desce, demora um pouco, sobe e diz: "É, agora lascou-se". A felicidade se espalhou junto com uma carrada de poeira levantada por um taxista que passou exatamente nessa mesma hora " lascou-se".

- A barra de direção. É, quebrou. Vou tentar remendar.

Até onde eu entendo de mecânica, uma barra de direção quebrada é quase como um ataque cardíaco, é mortal. Mas eu devo estar enganada, pois após esse leve pensamento, vejo o motorista subindo com uma barra de ferro, de mais ou menos uns 2,5 m, colocando ela no meio do corredor do ônibus e dando partida. Tudo ia bem na minha viagem e na do elefante indiano que passava sobre meus olhos até que, até que, até que, até que, o ônibus quebra denovo. O mesmo ritual, o motorista desce, com cara de putaquepariu, endireita a roda no eixo do chassi, volta marrom e rosa. Marrom por causa da poeira e rosa porque tinha cara de português, daqueles que suam e ficam rosa. Quase um leitão. O ritual se repetiria mais umas 5 vezes, mas o que tornou a quarta vez mais interessante foi o fato de ter quebrado em frente a uma área que tinha árvores, mangueiras, dois pés de mamão com frutos maduros. Não preciso comentar que comeu-se mamão sob a sombra de mangueiras.

Desde a quarta quebrada, o céu ameaçava chover. Claro, não faltava nada além de chuva e a falta de combustível. A falta de combustível eu não sei, pois depois da ameaça cumprida, na quinta quebrada, o ônibus atola em uma vala no canto da estrada. O buraco foi fundo e havia barro e grama na janela. Claro que as crianças começaram a chorar, os velhos a coçar os sacos, as velhas a sacudir saias e eu tomei uma atitude, claro também. Retomei meu contorcionismo há muitos anos não praticado, sai pela porta, em cima de um barranco e pulei pro meio da rua. Ia passando um carro, que oferece ajuda ao motorista rosa. O carro tinha duas pessoas e um banco lindo, estúpidamente vazio e espaçoso atrás. Acendeu uma lâmpada na minha cabeça, vesti minha melhor cara de pau e propus:

- Os senhores poderiam me dar uma carona?

Era uma dupla de irmãos. Não meus, quer dizer, vai saber, mas irmãos em cristo. Pastores, missionários, alguma coisa da igreja maranata que estavam voltando de mais uma missão cumprida, alguns dízimos e algumas pessoas salvas para o reino do senhor, deus pai, todo poderoso, criador do céu, da terra e dos homens. Ao sentar vi que havia um rádio no painel. Tremi dos pés à cabeça imaginando que teria que passar horas ouvindo hinos agudíiiiissssimos de adoração. Mas não, graças à ele. Parada para o pastel e um deles me pergunta aonde eu moro. Eu disse e ele disse que havia uma igreja deles perto da minha casa. Eu pensei: interesseiro. Tomei um gole de coca-cola, dei meu meio sorriso, emiti um som que significa, as vezes, que não tenho mais nada pra dizer a não ser: hum.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

há dores que a gente esconde na garganta ou no estômago, que é pra que ninguém consiga vê-las.

domingo, 23 de maio de 2010

eu, eles , ruivos

eu, eles, ruivos ao ver a castanheiras mortas de pé, zumbis testemunhas centenárias, sequer, de um futuro passando de costas pros outros muitos que viriam
eu, eles, impacientes, com monstros metálicos rasgando tudo aquilo abaixo do chão, revirando, revolvendo, remoendo vida em pó, vermelha
eu e eles ruivos, sólidos, a chacoalhar ossos, peles e estômagos cheios de água, mirando aquele horizonte tortuoso sem ao menos ver a miragem do suposto fim, água parecer
eu, eles, urubus e bois, esperando a próxima chuva ou o próximo caminhão chegar, eu e eles, ruivos de poeira do chão, do pó da terra, esperando pela camada de progresso, negra, sob rodas, chegar.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Esse cheiro de puberdade não me comove mais. Desculpa.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dos discos que não ouço, por que são de mentira, acho coxas foscas e engulo imigrantes com farinha. Que coisa boa é ser lembrada que o bom da tempestade, meus que me são caros, é a bonança. E a bonança ainda é uma só uma criança...

sábado, 1 de maio de 2010

Responsabilidade é tudo aquilo que se toma pra si. Senão, não passa de obrigação.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

que mistério que há

que mistério tem calvíce, que em cima nada existe, como insiste refletir raios ultra hiper mega violetas, de volta por céu

que mistério faz chover, jogando chuva nas nuvens e depois reclama do que manda de volta, o céu.

que mistério tem alice, com seus olhos borrados e tristes, como um conto escrito em papel sujo de outros sujos, como um canto escuro cheio de outras tristes a borrar olhos e calças.

que mistério tem a mesmice que se repete, se ri e se sente, como se a primeira vez fosse, como se fosse qualquer coisa, menos nada, primavera.

que mistério, insiste, há nesse que tudo ou nada se vê, viver entre folhas e luzes, escondendo o que realmente não se necessita, e a vida, lá fora, que há, onde está?

o mistério que existe, apagou-se nos mistérios da esquisitisse, que só quem tem paciência, insiste, ouve e lê sem bocejar.

e deixo escrito que não tenho.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Não, não sei se foice ou lâmina. Mas deveria ter ido há tempos.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

e março
já marcha

domingo, 11 de abril de 2010

da venta e do verde azul

e há que diga que nada mais há no azul imenso do céu, apenas ele. Grande, vasto, vezes multicolor, astros. Penso muitas coisas, entre muitas delas, coisas boas e proveitosas. Penso que nesse céu que abraça o chão, cabe muito mais que pequenos imensos astros vistos à olho nú, sequer almas perdidas, borboletas e algodões doces. A vida e o céu dão as mãos no entardecer pra cobrir os olhos de quem vê com a alma e os olhos da cara, o sol, aquele monstro que anda castigando quem fez, ou não, por merecer. Fato é que a terra, o céu e nem o diabo no sol são justos, por isso tanta revolta e perplexidade perante os acontecimentos fatídicos que assolam quem merece, e quem não.

Triste é ver essa coisa enorme sob nossas cabeças e sentir o quão mal tem se feito. Não tardar muito e o azul com carneirinhos tornar-se-á cinza e escuridão, por fim. E momentos como esses que poderiam ser perfeitamente compartilhados num vento seco, resultado de um pseudo frio, vir desarrumar a franja, cobrindo os olhos a olhar aquela linha, horizontal, dependendo de que ângulo se vê, se dissolver em segundos laranjados. Poder-se-ia compartilhar, se assim pudesse. Estar viva é muito mais gratificante do que um par de camas sem pés a ranger. Por que a ausência e a certeza de que a mesma é pra sempre, por vezes conforta, por outras é grata por que na vida, nada é por acaso e acima daquela imensidão azul e seus carneiros, há quem saiba demais.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

Vermelho, amor.

Desejo todos os tons de vermelhos
um para cada boca,
um pra cada dia,
um pra cada louca,
um para cada par de olhos

Os vermelhos me são vastos
e me deixam rastros por onde passam
Meus vermelhos são fortes, vezes fracos
Mas gosto não têm

Meus vermelhos propósitos
indiscretos e incômodos
Me colocam um pouco
da cara cor na face

O espelho diz:
tu sabes o vermelho amor que tens.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

C

Pro silêncio que corrói unhas, estômagos, membros e braços
naquele silêncio que ecoa do nada pro nada e pra nada
solto sem dor nenhuma, um dó maior
e um mantra diário que me faz melhor, cada dia mais.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Das mudas

Roendo fracionadamanete unhas,
olhando detalhadamente céus
contando meticulosamente gotas
rezando pra calçada mudar de lugar
toda vez que os ângulos das suas pernas
já tortas de futebol,
formarem cruzes apontando pro céu

Quantos carros coloridos
E minha face sem cor
Quantos postes, quantas costas definidas, divididas
Cara e espelho, sem tirar nem por

Me falta um batom , querida
Quantos postes, quantas costas
Poder de ir e vir
Quantas noites, quantas mortes
Ai que vontade de rir

É sem tirar nem por, menino
Sem tirar de cor
Sem mudar de cor, menino
Sem mudar de cor

Não se muda só mudando de endereço
Não se muda se morrendo o dia inteiro
Não se muda gritando, não se muda fugindo
Não se muda matando
Não se fala, não se muda.

sábado, 3 de abril de 2010

me dá um pedaço do teu bolo.

domingo, 28 de março de 2010

Ele parecia estar nos anos oitenta, com ar de vanguarda, enquanto pessoas com síndrome de down e síndrome de importância discutem política, cultura e opniões como se lhes fossem propriedade, sem sair do conforto de suas cadeiras acolchoadas. Onde o maior movimento que se faz para mudar seus descontentamentos pessoais, é o dos pulsos a movimentar os dedos ou mouses da moda. Engraçado é assistir essa novela onde os coadjuvantes ganham prêmios de gratificação pelos correios, como se fossem cachorros, por mais que sua importância não passe de momentos escuros em cima de uma cama, cheia de conjuntos de outros, ou dentro do ambiente de trabalho nos horários extra-conjugais.

Sim, síndrome de down não tem cura e nem se pode escolher seus genes, mas coliegas: maquiagem forte usa quem pode.

segunda-feira, 22 de março de 2010

ela também tinha bunda de passarinho.

Do que passou e do que ainda fica.

É de lá, o vento que tem cheiro de sal, areia e bloqueador solar. Lá, onde a poeira é fina e dá até pra varrer sem perder de vista. Seria uma varrição infinita, pois tão infinita quanto ela, só mesmo aquela no fundo daquele também, mar. Lembro de vir andando, com o sol ardendo e queimando os cabelos escuros, tornando-os avermelhados. Lembro também que quando era criança queria ser ruiva. Apelei para opções artificiais, já que escolher um pai ruivo, ou mãe com alelos recessivos e nascer denovo ainda não era possível. Foi bom enquanto durou. O cabelo foi de outras mil cores. Não mil, mas umas cinco foi. O problema é que pra família, a imagem de si que fica, é sempre aquela que você faz questão de esquecer. Nem sempre.

A fachada tinha mudado de cor, depois de tanto tempo sem voltar lá, errei o endereço. Olhei pro canto do muro e lembrei das roseiras que furavam o dedo quando criança. Viraram concreto. - É mais fácil de lavar. E eu balançava a cabeça concordando pra não ter que discutir a imporância de se ter solo, grama, terra na sua casa. Ia demorar demais e além de estar com preguiça e com sede, ia dar muito trabalho.

O corredor sempre foi escuro. A mesa da sala de estar de madeira boa. Não precisa ser um bom conhecedor de madeiras pra saber quando uma é. Um quarto à direita tinha se transformado em dois, onde uma prima, até então desconhecida, assistia um desenho animado na tv, comendo tangerina. A vó gritou: - Menina, não vai me melar a blusa, oxente! Ela me olhou, melada até a testa e sorriu. Sorri também. Não me custava nada.

Em frente a mesa da sala, um parapeito com casamentos, batizados, aniversários de criança, velhos em sua juventude, irmãos, parentes, o cachorro, já então falecido, um paninho de renda verde e um monte de gente pra mim desconhecida. Pensando bem, já era tarde de mais para conhecer algumas delas.

Sigo em frente, lembrando que quando era menor, ele costumava colecionar telesenas na gaveta de madeira que tinha cheiro de fungo. Tinha também uma máquina de escrever e umas revistas de mulheres bonitas, bem bonitas. Era o que eu sabia naquela época. Hoje em dia o lugar virou uma outra sala, com um sofá também mofado, as mulheres já estão idosas ou mais que isso. E as telessenas, foram recaptalizadas.


Na parede e na porta, retratos saudosos. E alguns fungos também. Era bem úmido e choroso aquele lugar. Olhei pra mim, há anos. Sem alguns dentes, mas os olhos eram os mesmos: duas jaboticabas em forma de gota inclinada. Os cabelos lembrando meus ancestrais absurdamente desconhecidos. Senti um cheiro de picolé de côco que ela fazia e das fivelas de cabelo que ela me dava. Eram feias, eu nunca usaria, mas sempre guardei como forma de respeito. Apesar de nunca tê-la por perto, e eu nem queria, fiquei triste e de coração mole.

Outro quarto escuro, parecendo uma cela. O cheiro também não era agradável. Ser velho e dependente é degradante. Estava ela, sob ossos e peles, deitada numa cama de madeira também. Ele, em vida, era marceneiro, carpinteiro e sabia fazer as coisas.

- Como você está gordinha. É..saudável,né?. Alguns minutos de interrogatórios repetidos, me despedi como se fosse a última vez. - Fica com deus. - Mande lembranças à sua irmã. - Tá, eu dou, eu dou. - Vá à praia, faz muito tempo que eu não vou lá. Vi umas lágrimas escapando entre a brecha que abriu entre os olhos e a pele de bochecha, mas era comum, era muito emotiva.

Fui ao sofá, enfiei a mão na lateral pra ver se achava algo que tinha escondido há décadas. Não achei, óbvio, mas tive aquela sensação de alívio e uma vontade louca de tomar banho no mar.


quarta-feira, 17 de março de 2010

Eu não tenho pena. Não gosto de competir com quem tem mais do que eu.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Ela parece um cupuaçú peludo, só que é fedida. Mas cupuaçú não toma banho. A conclusão mais imbecil de todos os tempos: Minha cadela é um cupuaçú!

quarta-feira, 10 de março de 2010

ri

e quando aquele cheiro de água passar, cheiro de sujeira, de esgoto, de côcô, de cachorro molhado, de lama, de terra, de água de louça, de patos e de galinhas, de gente morta que emerge, assim como os cachorros e as bonecas enterradas, emergem quando o sol bate e sobe, junto com suas almas (almas de plástico também sobem), aquele mal cheiro, pixé, catinga, vutum, fedor insuportável de coisa no sol

e quando eu não conseguir mais enxergar o rio da janela no quarto vazio da casa, quando essas invasões estiverem despedaçadas de mofo e leptospirose, malária, dengue, e todas essas doenças tropicais, que parecem ser muito mais especiais que as outras doenças só por que não tem dinheiro sendo investido, simplesmente por serem doenças que somente os pobres , a grande massa, contrai. E não é nada difícil pois doenças causadas por parasitas como bactérias, protozoários, podem até ser complicadas de tratar, mas se conseguem tratar um vírus que se muta a cada ciclo de vida, por que não investir em saúde, pelo amor de deus! Sabe por que esse alvoroço todo chamado batalhão da dengue, que diz que vão reduzir drásticamente os casos ? É muito óbvio, elementar, eu diria: o ciclo de vida do mosquito está chegando ao fim, é muito fácil acabar com o que já está acabando.

Na verdade eu só precisava dizer que passo muito tempo da minha vida doente, observando pássaros na janela, contanto unhas pelo chão e ouvindo minha cadela roncar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Desde de ontem decidi que apartir de hoje meu sobrenome vai ser flor. Porque? Porque eu acho bonito.

No claro ainda das sete horas da noite, o tempo, esse imundo, passa como se fosse correndo da polícia. Pronto, já se passou à ferro também as horas e as coisas acumuladas vão pra gaveta. Anoto na agenda pro dia de amanhã, o que não foi feito. É normal deixar-se consumir pelo desânimo e pela preguiça de vez em quando. Todo mundo merece um tempo down, sem falar com ninguém, sem ter que responder e nem lembrar que as pessoas existem, por mais que elas insistam em existir. O problema todo é quando isso se torna rotina. A desorganização é uma pilha de afazeres que você sempre come fria e sem a ajuda de bacterias digestoras de celulose.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

É que não há fonte mais perigosa que a do saber.

O TEMPO QUE NÃO SE PERDEU- Arquivo??

Não se contam as ilusões
Nem as compreensões amargas,
Não há medida para contar
O que não podia acontecer-nos,
O que nos rondou como besouro
Sem que tivéssemos percebido
Do que estávamos perdendo.

Perder até perder a vida
É viver a vida em morte
Não são coisas passageiras
Mas sim, constantes, evidentes,
A continuidade do vazio,
O silencio
Em que cai tudo
E por fim nós mesmos caímos.

Ai! o que esteve tão próximo
Sem que pudéssemos saber.
Ai! o que não podia ser
Quando talvez podia ser.

Tantas asas circunvoaram
As montanhas da tristeza
E tantas rodas sacudiram
A estrada do destino
Que já não há nada a perder.

Terminaram-se os lamentos.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Perigo é achar

Por favor, não me procure nada.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Páginas e páginas em branco a preencher. E a apagar.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

dente que é bom, nada.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Dava uma agonia precedida daquela vontade de socar a cara quando o via com aquele livro de frases feitas em baixo do sovaco suado. Não precisava dizer que fedia também. Estou com aquela coceira no dedo indicador chamada delete.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

a noite engorda junto a lua.
crueldade é pouco apelido
pra nomes própios
e artigos indefinidos
'é ninguém. ninguém o é e nem nunca foi.'
é melhor fechar os olhos
e abrir só depois
que essa vontade de fazer rimas
escorrer com a chuva que vem
pra destruir ruas e vidas
quizera ter vindo ano passado
pro passado ir passando
passarinho.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

não me cobre de flores, mas me cobre de luz. luz forte, mais viva, mais do que nunca. não me cobre de frio, mas de calor que faz sentir bem. aquele aconchego. me cobre de ouro de palavras que não chiam quando saem da boca. me cobre, ah, me cobre, me inunda daquilo que chamam por aí de gratidão. Sou grata por poder ver, sentir e ser essas coisas. Dessas coisas que me fazem e cada vez mais. Dessas coisas que fazem sorrir com vontade, passando aquele filme na cabeça onde as dificuldades eram que me impulsionavam. hoje em dia é só a vida que o faz. Vi um mulateiro tirando a roupa, olhei ao redor e vi vários. o streap tease mais lindo que já vi. A água que escorria era de luz e da chuva que veio refrescar os pingos de suor. Os mosquitos, deram uma trégua. Era hora da contemplação. Luz , luz, luz luz, e verde por todos os lados e lá vem denovo aquela vontade de chorar besta, como eu. Vi aqueles que fazem o mais preciso de todos, mas que nem todos podem comprar. Iguaria, oferenda dos deuses. Lindos, ainda verdinhos e cheio de histórias incas.É meio estranho ser feliz.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sorria - mesmo que seja com a sombrancelhas nas alturas.

ele vinha com aquele cheiro de cupuaçú saindo pelos poros. Tinha a mania de me mandar sorrir mais. - Seu sorriso é bonito. E eu, cheia de sangue nas bochechas, como pré-adolescente fervendo de vergonha. Talvez ele tenha razão, a vida é cheia de coisas boas. Mas não só delas. Pra todas as outras existe o meu outro lado do sorriso. Por muito tempo fiquei no regime de economia, mas quando a vida lhe dá motivos de sobra, nada justifica a constante cara de cú que todo mundo faz. Pra atendende do consutório um bom dia e um sorriso é capaz de fazê-la largar a lixa de unha e por obrigação moral, responder. Mesmo que não seja nada recíproco. Para a vendedora da loja, um bom dia e um sorriso são capazes de tornar a sua estadia, mesmo que não compre nada, agradável. Pr' aquela pessoa super antipática, que tem a sombrancelha levantada até o meio da testa que parece que ter sido colada com durex no meio do couro cabeludo, eu espero dar um bom dia e um sorriso bem grande na frente de todo mundo pra testar a capacidade da educação dada pela matriarca e pelo bom senso de retribuição à uma gentileza. Afinal, a quem interessar, ainda não estou cobrando por sorrisos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Da ciência evolutiva aos lavadores de carros.

Algo que há muito tempo vem tomado tempo na minha cabeça, hoje permitiu-me chegar a uma conclusão, não mais que óbvia para alguns, mas muito confortante para outros. Afinal, é sempre muito mais fácil creditar as descobertas diárias, conclusões, insights à ciência. "A ciência tudo explica" e realmente explica. Tudo depende do seu nível de conhecimento, do seu ciclo de amizades ou da sua curiosodade de procurar respostas às inquietudes e questionamentos que talvez nem seu pai e nem sua mãe saberão responder, a não ser que eles sejam cientistas ou estudiosos da sua área de interesse. Seja pela internet, pelos discovery's da vida, livros, revistas, sejam pelas aulas de ciêcias, biologia, química e até pelas malditas aulas de física, você sempre acaba tirando aquela duvidazinha tão íntima, que não tem coragem de compartilhar com os outros por medo de ser chamado de burro, de te darem zero e de contarem tudo para a sua mãe. "Não acredito que tu não sabe disso. aí é burro, mermão" e por aí vai. Isso quando não partem para o lado apelativo da coisa. Inclusive, essa coisa de humilhar, de debochar, destruir o próximo, também é algo biologicamente explicável, mas não vem ao caso. Não à esse.

Não há como negar as habilidades inerentes ao ser humano. Assim como não se pode negar que a habilidade de polegar opositor não é nada mais que uma tendência genética, desenvolvida por muitos e muitos anos, inclusive pelos macacos, nossos primos. Ok, seus primos. Concordo com oo determinismo biológico e que tudo e todos os tudos estão pré-dispostos geneticamente à inimagináveis possiblidades culturais, físicas, mentais- hoje em dia, até virtuais- de serem o que são e o que não gostariam de ser. O ambiente, o meio, o todo, o inteiro, influenciam na manifestação, desenvolvimento, ou não, de certas tendências. Um mundo de possibilidades que cabem numa espiral de dupla hélice, proteinada, turbinada, elétrica, bombante dentro de cada célula do corpo. Há controvérsias que você pode até discordar em partes. Mas só em partes pois na ciência o nada é inquestionável, ou seja, tudo o é.

No reino animal, e no vegetal também, seres com a cargas genéticas semelhantes, equivalentes, e, reprodutivamente falando, viáveis, procuram parceiros ( no singular e no plural) idem. Mas como lidar com a concorrência no meio natural onde uma planta não pode alisar o cabelo, não pode se enfeitar de ouro, usar salto, shortinho, decote e nem atacar o macho para garantir vantagem reprodutiva e perpetuadora de semelhantes? Como um animal pode impedir a fêmea que está no cio, doida para 'reproduzir' com vários, ou apenas com um - a monogamia existe. Não é lenda. Porém, evolutivamente falando, para algumas espécies não é interesante pois limita as possibilidades e chances de mais 'semelhantes' pairando por aí, por muito e muito tempo. Talvez hommo sappiens seja uma delas. Ênfase para o talvez. A natureza é sábia e dá artifícios, trejeitos, cores, aromas, 'atributos', vantagens para alguns, permite a transformação, mutação, adaptação, criação de novos mecanismos únicos capazes de garantir tudo que um ser vivo quer: Nascer, resistir às dificuldades ambientais, se alimentar, se reproduzir, morrer e gerar vida para outros.

Mas a natureza de um homem, macho, XY, de hoje em dia é no mínimo intrigante, pra não dizer imbecil. É instintivo- e há quem diga que o 'instinto' não exista, porém é inegável que algo há- no comportamento de um homem ao presenciar, avistar e até apenas ouvir falar, de uma mulher bonita, atraente, potencialmente, sexualmente ativa, ou com alguma qualidade que disperte o interesse, em outras palavras: basta ser mulher. Lembrando que falo de uma espécie específica de homens: pedreiros, lavadores de carros, flanelinhas, mendigos, limpadores de janelas, consertadores de ar condicionado, vigias, motoristas de ônibus, moto-taxis, vendedores de chinelos, de pipoca, de banana, de balões, de sorvete entre só mais alguns outros. Você está incluido nessa lista? Então não se 'doa', meu rapaz. Claro que os atributos externos potencializam facilitando ou dificultando o encontro dos 'x', mas concluo que basta a bicha ter nascido mulher mesmo. E falo sério, sem medo de ser feliz. É inegeável, I-N-E-G-Á-V-E-L, a influência que mulheres bonitas, atraentes, têm sobre os homens. E claro, que a inversa pode ser verdadeira. Ênfase para o pode. E claro também que aí entra o fenótipo provável da portadora dos melhores genes, do melhor ' instinto' maternal, potencial educadora e criadora dos filhos entre outros. E toda aquelas coisas geneticamente programadas, como chips de celulares. Não que isso seja socialmente assumido, mas como eu disse " a ciência explica tudo".

Há uma paralisação que dura apenas uns segundos. Para-se tudo que se está fazendo. Hormônios são disparados com o sinal: " ALERTA, ALERTA" e ele sorri com o canto da boca, descontrai as sombrancelhas, dá uns trejeitos nas pernas, arruma a roupa, quando tem tempo, penteia o cabelo, passa um pouco de cuspe na sombrancelha, uma água na boca, acelera os batimentos cardíacos e, como consequência, a circulação sangüinea por todo o corpo. isso mesmo, todo o corpo. Já era. Os olhos brilham e ele cria uma batalha interna com o bom senso e a educação e solta um: ' Oi, gatinha'. A educação e o bom senso vêm de casa, por isso não podemos exigir mais das pessoas do que elas podem nos dar. Uns te elejem realeza em segundos com aquele delicioso : "oi, princesa'. Outros te jogam de volta para a barriga da sua mãe com : "oi , bêbê", ou te dão asas de presente com : 'Oi, anjo'. Calma, tive que parar um pouco de escrever e respirar, por quer tenho certeza que ser cantada por um pedreiro não é exclusividade minha, e sei que muitas hão de concordar que é muito, mas muito imbecil um homem achar que uma mulher vai dar mole, se sentir atraida por esse tipo de comportamento e a surpresa, não tão surpresa é: muitas mulheres dão mole, se sentem atraídas, por esse tipo de homem. Ok, cada um no seu quadrado, mas o meu quadrado só é meu, e eu não suporto ter que suportar esse tipo de situação. Não gosto de ser bem atendida só por que sou mulher. Não gosto quando falam manso, calmamente, com o corpo emitindo sinais comportamentais. Não gosto de adjetivos, de cortesias e nem de gente que 'pega' . Gente que fala pegando na gente pelo braço. Gente que se insinua. Não. Não. Não. Prefiro um homem grosso, chucro, mas educado e simpatico por naturza, do que aqueles que mudam totalmente sua maneira de ser por causa da presença de uma mulher. Isso pra mim é fraqueza, vulnerabilidade, por que as mulheres espertas se quizerem, fazem o que quizerem mesmo com um otário que se amolece por qualquer 'XX'.

Ou seja, como a ciência explica, não adianta se extressar e achar ruim. Talvez reza, resolva. Macumba, sei lá. Mas acho que só daqui a uns 10 anos ( se o mundo não acabar em 2012) as mulheres terão se revoltado com esse comportamento idiota que eles, os homens, terão desenvolvido outra maneira de atrair fêmeas, acasalar, reproduzir, perpetuar a espécie...


domingo, 17 de janeiro de 2010

A santidade pinga 2

plic.plic.plic.plic. a santidade pinga no balde. escorre a santidade pelos poros abertos por espinhas da adolescência no meio da testa. plic.plic.plic. é um suor salgado, coisa de rins debilitados. plic.plic.plic. a santidade escorre e corre pelas veias junto com a frase mais faladas de todos os tempos: e você? era sempre uma pergunta com um cinismo no canto esquerdo da boca mordida. daqueles sorrisos que a gente vê a maldade e a amargura de uma vida pregressa, sem muitas emoções mas muitas decepções. as decepções ficavam por sua conta, era um frustrado, santidade. Nunca casaria, nunca pariria, nunca choraria aos prantos pedindo perdão. Santidade, a casa santa fica logo ali na esquina. plic.plic.plic. de vez em quando pegava um paninho e enxugava o bigode e um palito de dente para os que ainda sobravam.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

me emociono com arte abstrata.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

As pessoas surtam. Surtam por não estarem preparadas para aceitar quem são. Surtam por não saberem quem são de verdade. Surtam por não entender por que as pessoas não as entendem, por que o mundo parece tão difuso e complicado, por enxergar labirintos em linhas retas. Surtam por perceberem que estão sozinhas, por própria opção, ou não e não podem, simplesmente não podem, contar com ninguém mais além de si mesmas, o que é realmente uma atitude insana confiar sua saúde física e mental à alguém que nem ao menos as tem, afinal, ninguém acreditaria e nem levaria à sério uma pessoa que surta constantemente. Surtam por que parece ser divertido essa incompreensão do mundo visto de fora, e que visto de dentro, é só sofrimento. Eu acredito que sim. As pessoas surtam por que não tem mais nada, ninguém, nenhum lugar para recorrer quando não se consegue distinguir um sorriso sincero de um sarcástico,daqueles que precedem um tapa na cara. Surtam e surtam mesmo. Não sabem o que fazer e acabam fazendo o mais óbvio, o que era de se esperar: Merda.

sábado, 9 de janeiro de 2010

de tanta pena, fiz uma asa.